quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Encontro


Como já foi citado na postagem anterior, o encontro com a Jenny foi no último lugar do mundo que eu poderia imaginar, ainda mais vindo dela: o shopping. E não era um shopping novo ou diferente, era justamente o shopping que foi “vizinho” dela durante um tempo. Motivos mais que suficientes pra ela marcar em qualquer outro lugar. Prova de que as pessoas mudam. rs

Ela me ligou de um telefone público, dizendo que estava lá. Como a moça avisou que o cartão telefônico ia acabar, logo que a ligação caiu, eu retornei (dessa vez a chamada tinha identificação). Uma voz bem humorada de homem com sotaque estrangeiro atendeu, perguntando meu nome: Mariana?
No fundo dava pra ouvir a inconfundível risada da Jenny. Em seguida, ela assumiu a conversa e marcamos em frente ao mercado.

Ao chegar, comecei a procurá-la. Lá estava ela, sentada à mesa de um café com mais três pessoas. Quando nos vimos foi um monte de “Má Quê” pra lá, “Má Vá” pra cá.
O figura do namorado dela, que também atende por Richard, nos fotografava feito paparazzi enquanto conversávamos em meio ao café. As pessoas ao redor se escondiam atrás dos cardápios e guardanapos para não sair na suposta Imitação da Revista Caras sem ganhar cachê. Pelo menos era assim que eu tava me sentindo: uma celebridade. E as pessoas se escondiam mesmo, é só analisar as fotos que dá pra perceber. No mínimo estavam desconfiadas da situação. Até eu desconfiei: comecei a duvidar que existia shopping no país deles. rs

Ficamos um tempinho ali e resolvemos ir a uma chopperia que serve refeições, porções, lanches e afins, pois o pessoal tava faminto. Lógico que estavam, afinal, não foram almoçar com a gente, né? rs
O Richard adorou o jogo americano de papel da chopperia e levou uns três embora pra Inglaterra. A pessoa que fez a arte do jogo é um conhecido. Quase chamei o cara pra dar um autógrafo pra ele. rs

Na hora de fazer os pedidos, a Jenny já estava tão enlouquecida de fome e cansaço que tava falando inglês com o garçom e português com o namorado. E comentários à parte, não pude deixar de reparar na base de troca do moço: como a Jenny pediu batata frita e ele uma salada, o comédia cada vez que pegava uma porção de batatas, trocava por tomates secos da salada dele. No entanto, quando acabaram os tomates, ele não pegou mais as batatas. rs

Enquanto o pessoal comia, a Jenny ensinava palavras em português de maneira errada ao Richard. Explicava que devia chamar o moço que servia os pratos de “garção”. E ainda dava dicas impressionantes: “é como João, Feijão, Portão e Mão. Se diz, Garção". Quanta maldade! rs

Bom... Situações a parte, quando todos estavam finalmente alimentados, a Jenny contou dos seus passeios em solos brasileiros e sobre as visitas que fez à sua família. Comentou da habilidade do Alec em fotografar. Falou que ele havia pedido para “tirar” uma foto. Ela emprestou a máquina (e que máquina) e, ao conferir o resultado, descobriu que seu sobrinho é um fotógrafo nato e, a partir de então, nomeou a criança como fotógrafo profissional da Família Shinner. Ela levou tão a sério a brincadeira que numa noite em uma pizzaria, o menino pediu que a tia segurasse a onda e deixasse ele comer em paz: “agora chega de foto, que eu também quero comer”. Posso até visualizar a cena. O Alec tem um senso de humor impagável. rs
Isso me fez lembrar de uma das vezes de quando ele e a Fanny estiveram por aqui e fomos a um restaurante. O menino devia ter uns 4 anos. O garçom perguntou o que íamos beber e eu pedi um chopp, já a Fanny optou por uma cerveja e o Alec resolveu acompanhá-la. Pois é, ele bateu boca com um garçom por exigir seu direito de cliente de ter seu pedido atendido: queria que o garçom servisse uma cerveja pra ele. Nada mais justo: ele queria beber o mesmo que a mãe dele. A parte boa foi que depois de explicar várias vezes que era proibida a venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos, a gente conseguiu distraí-lo com figuras e lápis coloridos. Confesso que demorou, pois o menino tem opiniões formadas, mas conseguimos. rs

Voltando às histórias da Jenny, ela contou também sobre sua visita a suas tias malucas. E quando digo maluca, não tô exagerando, não. Lembro bem de quando éramos adolescentes: eu estava na casa da Jenny e a tia dela também. De repente, a mulher resolve dar um passeio no shopping e sai da casa toda arrumada com direito a sapato, bolsa e bobs no cabelo. Mas não eram bobs comuns como os da “Dona Florinda”, eram daqueles gigantes e coloridos. Sei que a gente não conseguiu impedir, ela realmente estava decidida. Concluímos então que do lugar de onde ela vinha, aquilo era comum e por isso resolvemos não nos meter com a cultura alheia. rs

Voltando aos relatos da Senhorita Shinner, as tias malucas que de tão alegres por recebê-la junto com o pessoal gringo, pediam pra que eles estendessem a visita cada vez que “ameaçavam” a ir embora, prometendo que fariam “um coffee” pra todos. E eles tanto gostaram do tal “coffee” que o Richard tava com uma sacola de grãos, cultivado pela família da Jenny, dentro da mochila. O negócio tinha um cheiro tão forte e a aparência tão suspeita que era bem provável que aquilo trouxesse complicações, caso fossem revistados.

E naquele abre e fecha da bolsa do gato Félix, que tinha de tudo um pouco, inclusive o jogo americano de papel, eles nos deram um pacote de caju cristalizado. Doce que trouxeram do Maranhão, dias antes. Tinha um monte no saquinho e antes que eu conseguisse entender que estavam me dando de presente, peguei o saquinho, tirei um sarro e devolvi. Mas juro que não foi por mal. No entanto, no dia seguinte fui a um aniversário e os cajuzinhos cristalizados estavam na minha bolsa. A festa inteira acabou vendo e os “passa fome” quase acabaram com o meu doce. Como se no aniversário não tivesse o que comer. rs O docinho fez “o sucesso.”

Eu sei que a Jenny andou comentando por aí que fiz desfeita aos cajuzinhos dela, mas não é verdade. rs

Bom... Agora é esperar o próximo encontro. E por aqui, torcemos para que na próxima, possamos contar com a presença das três irmãs malucas. Aliás, já tá mais do que na hora. A Jenny e a Fanny ainda aparecem, já a Shar, passa batido de São Paulo. Deixa ela... rs