segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Reforma e Artigo Científico

Reforma é uma coisa totalmente estressante, principalmente se você participa do passo a passo e ainda coloca a mão na massa. Mais ainda se você é obrigado a morar no meio da reforma. Além da ansiedade de ver tudo pronto, a bagunça em si e a sujeira, tiram qualquer um do sério.
Eu sou do tipo que prefiro fazer tudo de uma vez a ter calma e ir por partes. Então, enquanto o pedreiro colocava os pisos, a gente agilizava o teto. Quando o piso ficou pronto, metade do estresse acabou. Sem contar a bagunça e sujeira, eu tava cansada de ser servente de pedreiro. Já posso colocar a proeza no meu currículo. Quem sabe aparece algo legal, pois a graduação em publicidade e a pós-graduação em marketing não tão ajudando muito.
Voltando ao meu novo e rápido ofício, hoje eu digo que a inexperiência é uma caca, pra não dizer outra coisa. Contratei um pedreiro com indicação, mas sem auxiliar. O resultado foi um carro amassado por carregar materiais de pedreiro e ter que virar cozinheira e motorista por alguns dias, pois ele não trazia marmita e não dirigia. Aí já viu? Na pressa de acabar, e a mania de querer participar e finalizar logo, eu mesma me transformei na auxiliar: aprendi a fazer massa, usar areia, cal e cimento. Tirar entulho, usar a pá, empurrar carrinho de pedreiro e tapar buracos com massa corrida. É até legal a parte de misturar os “ingredientes” e usar massa corrida, porém o serviço braçal de empurrar carrinho e tirar entulho me deixou quebrada.
Não que eu não tivesse nada pra fazer, eu tinha na verdade. Eu tinha prazo pra entregar meu artigo científico. No início eu conciliava as duas atividades, depois não resisti: a ideia de finalizar a reforma era mais forte. Dediquei meu tempo à casa e fui deixando o artigo, coisa que não combina muito comigo. Na penúltima semana antes da data de entrega, finalizei a pesquisa e escrevi minhas considerações: muito fácil, é a parte que mais gosto. Pra outra semana deixei a missão de colocar o texto dentro das normas. Aliás, deixei pro último dia, pra ser mais exata, pro dia da entrega.
Acordei cedo acreditando que até a hora do almoço, estaria tudo pronto. O prazo ia até às 21h. Como moro no meio do mato, a internet é algo raro e a única empresa que presta serviço do gênero, o que é novidade na região, me enganou dizendo que eu teria internet banda larga, só pra me vender a linha telefônica. Sem internet em casa e vizinha da minha irmã que conseguiu comprar o serviço, mais do que depressa tratei de colocar um roteador na casa dela. O sinal chega capengando na minha casa, aliás, nem chega a entrar em casa, ele chega e fica na varanda, mesmo. Ainda assim, tem dias que se recusa a funcionar. Foi o que aconteceu no último dia do prazo de entrega do artigo.
Desesperada, levei meu note pra casa da minha irmã e vizinha, porém ela não estava. A boa notícia foi que ela deixou o modem ligado, pois apareceu a rede dela na minha tela e conectou sozinho. Ótimo!
Com a bateria carregada, porém sem lugar pra trabalhar, fui até o carro. Estacionei em frente à janela da casa dela e pude trabalhar. A notícia chata é que já passava do meio dia e eu não conseguia colocar o texto de acordo com as normas exigidas, além de ter que passar o resumo para a língua inglesa, o que começou a me deixar verdadeiramente nervosa. Não contente com a situação, a bateria do note estava acabando. Entrei no MSN pra pedir ajuda: alguém pra traduzir o texto, alguém pra me explicar sobre as normas, alguém pra me dizer como eu poderia citar um site durante o texto, já que a orientadora havia sumido do mapa também. Não naquele dia, mas há semanas!
Quando consegui alguns contatos, a conexão caiu. Eu tava quase ficando louca, quando decidi respirar e resolver o assunto. Liguei pra minha irmã, pedindo a chave da casa dela emprestada, de forma que eu pudesse acessar a internet e carregar a bateria ao mesmo tempo. Ela estava perto, então combinamos de nos encontrar no meio do caminho. Com acesso à casa, liguei pro meu amigo Carcomido que na época da faculdade me salvava com essa coisa de colocar os textos dentro das normas. Ele pediu que eu enviasse o modelo do artigo por e-mail. Eu enviei e percebi que uma pessoa com a cabeça fresca pode enxergar as coisas que estão logo ali. O Carcomido também achou o modelo confuso, mas logo percebeu o que era pra ser feito e me explicou tudo. Enquanto eu padronizava o texto, encontrei minha amiga Sharon online, e ninguém melhor que ela (com nome importado, dupla cidadania e moradora de solo estrangeiro) pra me ajudar com o texto. Quanto à dúvida da citação, pedi ajuda para diferentes pessoas e levei em consideração as mais inteligentes e preparadas. rs
Consegui finalizar pouco depois das 19h. Saí rapidinho até a única gráfica rápida que ficava aberta até às 20h, mas que era longe de casa (considerando que minha casa fica longe de tudo). Enquanto as moças imprimiam e encadernavam o trabalho, o mesmo estava sendo gravado em dvd no meu note. Tudo pronto, cheguei à coordenação antes das 20h, porém a secretária da coordenadora tinha deixado um recado na porta: volto logo. Este “volto logo” demorou 40 minutos e quase me obrigou a pagar a segunda hora de estacionamento.
Na outra semana saiu minha nota. Eu passei! Ufa! Depois disso, me concentrei em pintar a casa toda: cômodos, fachada e varanda. Depois gastei algumas economias em decoração. Tudo improvisado e com ajuda do meu bom gosto e lojas financeiramente acessíveis.
A casa ficou pronta e o resultado final do serviço do pedreiro, muito bom (apesar da falta de ajudante, marmita e transporte). E com o trabalhão que deu esta história toda, fez com que déssemos ainda mais valor pra casa. Mas independente disso, da próxima vez, vamos contratar um pintor e um pedreiro que já venha com os itens citados anteriormente no pacote! rs

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Coisa de Criança

Sabe aquelas viagens de família que vai todo mundo: avós, pais, tios, filhos, sobrinhos, netos, etc.? Pois é, numa dessas viagens, conversando na sala, falávamos que o lugar era muito gostoso e que todos poderiam economizar e comprar um terreno naquele local e construir uma casa gigante com acomodações pra todo mundo, para que pudéssemos nos reunir sempre lá...

Conversa vai, conversa vem, uma das crianças, brincando ali ao lado, porém atenta à conversa, pergunta se é verdade:

- É verdade que vocês vão comprar um terreno aqui?

A gente responde que estamos apenas imaginando, planejando... Ele fica olhando, curioso.

E então, perguntamos se ele gostaria que fizéssemos isso. E mais do que depressa, o menino responde com outra pergunta:

- Depende. Vai demorar muito pra ficar pronto?

Então a gente diz que demoraria alguns anos, pois até encontrarmos um terreno parecido, do mesmo tamanho, até todos fazerem as contas e até a casa ficar pronta, ele já estaria um pouquinho maior.

O garoto fica em silêncio, pensa e então pergunta se vai poder levar cachorro. A gente responde que sim, desde que ele mande fazer um canil.

Ele pergunta se todas as crianças vão dormir no mesmo quarto. E a gente diz que podem até dormir juntas, mas que cada um terá seu próprio quarto, pois quando crescerem vão namorar e depois casar, e então vão querer ter um quarto próprio.

Ele diz que não vai querer. E a gente diz que vai ser legal, que daqui dez anos, ele poderá vir dirigindo seu próprio carro e que poderá trazer sua futura namorada. E ele explica:

- Não! Vocês não entenderam: eu quero vir pra cá sim, o que não quero é ter uma namorada. Quero vir com meu carro, também... Mas não vou trazer nenhuma namorada.

Obviamente que ficamos curiosos e perguntamos o motivo da “rebeldia” toda. E ele responde:

- Quando eu tiver dezoito anos eu vou querer ter um carro e eu não vou querer ter namorada, eu vou querer ter um cachorro.

Caímos na risada e dissemos que ele poderá ter um carro, uma namorada e um cachorro. Mas ele não se convenceu tão fácil:

- Não! Prefiro ter um cachorro. Vou comprar um carro, só com dois lugares: eu vou dirigindo e o cachorro vai do meu lado. Não vai ter lugar pra namorada.

Então perguntamos que cachorro ele queria. Ele respondeu que era um Husky. Perguntamos se ele já tinha escolhido o nome, e o menino respondeu que sim:

- O nome dele vai ser Husky!

Lógico! Que nome mais poderia ser?

Tão óbvio... rsrs

Bom... Daqui dez anos, a gente volta a conversar com ele, pra ver se mudou de opinião. rsrs


quinta-feira, 18 de março de 2010

A Mala e a Mel. Ops! A Nala e a Mel!

....... ............................Nala e Mel

Sempre que precisava abrir o portão pra sair, achava admirável a atitude das duas simpáticas cachorrinhas que nunca passavam a linha imaginária do portão. Acontecesse o que fosse, as duas nunca saiam e isso sem treinamento, nem nada.

Certa vez a bolinha de uma delas rolou portão afora e, quando fui sair, nenhuma se atreveu a pegar. A Mel, que é da raça labrador, tentou me avisar que queria a bolinha, latindo e olhando na direção do brinquedo. Fui buscar e devolvi.

Antes de continuar, vou contar um pouco mais da personalidade das duas:

A Mel, como já citei, é da raça labrador. Isso já é o bastante pra saber o quanto ela é linda, amável, brincalhona, manhosa, carinhosa, companheira, alegre e saltitante. Um verdadeiro amor. Estabanada, mas um amorzinho.

A Nala é da raça pastor alemão. Acho a personalidade dela muito próxima a de um gato. Não sou muito fã de gatos, a única gata com quem fiz amizade foi a Pussy (da família Shinner), mas isso pelo simples fato da gatinha ter a personalidade quase igual a de um cão. Voltando à Nala, ela realmente se parece com um gato, por ser independente demais. Além disso, ela ainda é interesseira e tá sempre “cagando e andando” pra todo mundo e pra o que todo mundo pensa ou acha. É até admirável, mas não é bem isso que esperamos de um cachorro, né? Sei lá. Ela só vem quando tá com medo dos fogos ou percebe que você vai oferecer comida, do contrário, ela simplesmente te esnoba e segue a vidinha dela.

Só pra ter uma noção, certa vez a vi abanando o rabo ao ouvir a voz da vizinha. No início não entendi, pois ela não é de abanar o rabo pra ninguém da família e dos amigos. E pra vizinha só de ouvir a voz, ela já foi “sorrindo” e correndo até o portão? Foi aí que descobri que aqueles ossinhos de brinquedo que aparecem do nada, são presentes da vizinha. Ou seja, isso confirma a característica de interesseira da Nala.

Bom... Apesar das diferenças de temperamento, as cachorras são muito amigas.

Voltando ao assunto inicial... Sabendo do comportamento das duas em relação ao portão, nunca me preocupava em trancá-las no canil pra entrar e sair.

Um dia, super atrasada, abri o portão, tirei o carro e fechei, mas percebi algo esquisito: onde estavam as duas? Sempre que alguém sai, elas ficam pulando que nem duas cabritas em frente ao portão, mas dessa vez, não estavam. Comecei a chamar: Meééllll, Nalaaaa!, e nada.

Não era normal. Voltei e fui procurá-las, mas para surpresa, elas não estavam em lugar algum. Então, só havia uma explicação: resolveram mostrar suas rebeldias, fugindo, bem no dia em que eu estava atrasada.

Saí atrás delas. A cada esquina eu parava o carro e gritava: Nalaaaa, Meéélll. Rua por rua. As pessoas olhavam e deviam imaginar que eu era uma doida, pagando um mico, uma aposta, sei lá.

Desci até a portaria e perguntei se tinham visto duas cachorras perdidas. E o porteiro perguntou: um labrador e um pastor alemão? E eu pensei: Nossa! Tem mais cachorros fugindo em duplas, hoje? Mas não disse isso, pois sou educada e respondi que sim. Ele apontou a rua principal e disse: foram por ali.

Segui as pistas, continuei chamando e nada. Resolvi voltar pra frente do portão, onde tudo começou... Quem sabe elas tivessem voltado, mas não.

Não tinha outro jeito se não voltar a procurá-las. Fui em direção à rua principal mais uma vez. Enquanto isso eu já imaginava que podiam ter fugido por alguma saída secreta do condomínio. rsrs Ou que algum cachorro bem bravo em alguma casa com o portão aberto tivesse atacado as meliantes. Foi quando eu estava chegando à rua principal e vi uma cabeça de pastor alemão dentro da garagem de uma das casas. Parei o carro em frente e vi que tava rolando a festa lá... Parecia um aniversário. Dei uma de louca e comecei: Nalaaaa, Meéélll. Quando vejo, a Mel aparece vindo dos fundos da casa pro jardim, como se simplesmente morasse lá, super à vontade.

Desci do carro e chamei as duas, super brava. Elas vieram. Mas e aí? Eu tinha passado a manhã inteira lavando o carro, não podia colocá-las lá dentro. Fiquei uns dois longos minutos segurando as fujonas pelas coleiras e pensando: ou eu ofereço carona no carro limpinho, ou eu largo o carro no meio da rua e vou levando a pé, ou uma terceira opção, pois essas primeiras são inviáveis. Foi aí que pensei em resolver do jeito que dava pra resolver. Entrei no carro, e a 10 Km/h ia dirigindo e chamando para que elas me acompanhassem: Nalaaaa, Méeelll. Como eu já tinha passado a rua de casa e não dava pra voltar por ser contramão, precisei fazer o retorno lá em cima, dirigindo e gritando. Quando fui retornar, óbvio que elas passaram reto do retorno. Parei e gritei mais ainda, até elas olharem e voltarem. Pegamos o outro lado da rua e seguimos o mesmo esquema. Quando chegou a hora de virar a rua de casa, elas passaram reto mais uma vez, e eu precisei parar novamente e chamá-las ainda mais até que voltassem. Ao entrar na rua continuei e, quando chegamos, as duas foram direto de castigo pro canil.

Ao passar esse episódio, a Mel nunca mais fugiu, mas a Nala cavava a terra embaixo do portão pra escapar. Num outro dia, ouvi a Mel latindo desesperadamente. Desci pra ver o que era e ela olhava pra mim, pro portão e pro buraco que a Nala havia cavado e chorava. Entendi que estava me avisando que a amiga tinha fugido.

Dessa vez, acompanhada, saímos a pé procurando por ela: Nalaaaa, Nalaaaa! Ao entrar na rua principal, encontramos a Nala com uma vizinha que é veterinária. A moça disse que a encontrou andando, enfiada dentro de um suporte de ferro pra vasos de planta, mas que ela já tinha conseguido tirar. Resumindo, pra fugir, a Nala cavou a terra embaixo do portão, encontrou um suporte de vaso à frente, mas, ao invés de tentar desviar do suporte caído, ela literalmente “entrou” nele e foi passear.

Sem comentários. rsrs

quarta-feira, 10 de março de 2010

Juro que eu não sabia!


Minha mãe faz aulas de pintura numa escola de artes próxima à casa dela. Um dia ela ligou no meu celular, pedindo que eu fosse até a escola retirar um dos quadros que havia ficado secando, pois ela daria de presente pra minha irmã.

Eu nunca tinha ido lá, mas sabia que ficava numa rua conhecida do bairro que meus pais moram. Contando com a informação que tinha uma placa indicando as aulas de pintura e sabendo o nome da professora, fui rapidamente pra lá.

Chegando à rua que, por sinal, é bem grande, fui olhando pra procurar a tal placa. Andei quase a rua toda até encontrar uma casa colorida com a placa que indicava as aulas. Parei o carro na frente e desci. Uma moça veio pra me atender. Expliquei que ia retirar um quadro que tinha ficado secando. Ela perguntou o nome da minha mãe (que havia pintado o quadro), o nome da professora e pediu que eu aguardasse.

Uns dez minutos depois, a moça volta de mãos abanando, dizendo que não encontrou nada. Mais do que depressa liguei pra minha mãe, contando a situação. Ela disse que não era possível e pediu pra que procurassem novamente. Repassei a mensagem e, mais uma vez, nada. Voltei a ligar. Minha mãe falou que então ligaria direto pra professora pra perguntar em que lugar ela tinha deixado o quadro. A moça da escola resolveu ligar também.

Nenhuma das duas conseguiu contato, o celular da professora estava desligado.

Diante da situação e da minha pressa, a atendente da escola resolve me levar na sala onde os quadros ficam secando, pra eu mesma encontrá-lo. Acontece que eu não sabia como era o tal quadro. Liguei mais uma vez pra minha mãe e ela disse que eram pinturas de flores “copos-de-leite” numa cesta. Procurei, procurei e nada.

A moça, que já não sabia mais o que fazer, disse que iria procurar em todas as salas, argumentando que podiam ter trocado de lugar pelo fato da tela já estar seca e pronta pra ser retirada. Eu fiquei lá na recepção esperando, esperando e esperando.

Um tempão depois, a moça volta dizendo que havia encontrado o quadro na primeira sala (onde as pinturas ficam pra secar). Pensei: caramba, como não vimos? Ela pega uma tela e me entrega, comentando pra eu recomendar à minha mãe que não se esqueça de assinar, agora que já está seca.

Peguei a tela, olhei bem aquele desenho, as cores e os detalhes e pensei: isso até pode ser uma pintura de “copo-de-leite”, mas minha mãe não teria o mal gosto de usar essas cores que não combinam. Entreguei de volta e disse que não era aquele quadro.

A moça devia achar que eu só podia estar de sacanagem. Com cara de desesperada, ela discordou na hora e argumentou que era aquele quadro sim, pois era o único com aquele tema.

Mas eu não acreditava que minha mãe tinha pintado aquele quadro e perdido o senso do bom gosto. O problema é que eu não ia dizer isso pra funcionária da escola. Então recusei novamente, mas a moça não parava de insistir e já ia carregando o quadro em direção à saída, pedindo pra eu abrir o carro, perguntando se queria que colocasse no banco ou porta-malas, que ela mesma iria acomodá-lo.

Mas, antes que enfiasse o quadro à força no carro, eu disse que iria buscar a minha mãe, pra que ela mesma retirasse. Mas a moça continuou insistindo pra eu levar. A essa altura, algo me dizia que, não sei como, eu estava no lugar errado.

Foi aí que resolvi ligar pra minha mãe. Expliquei como era a pintura do quadro que a moça tava quase me obrigando a levar, falei das cores, e que a tal cesta desenhada, estava mais pra um vaso de vidro. Ela disse que não era o quadro dela, que as cores eram em tons diferentes, que a cesta era nitidamente uma cesta e não um vidro. E que a única coisa parecida que eu havia citado do tal quadro é que o desenho das flores era “copo-de-leite”, e apenas isso. Obviamente que ela ficou desesperada do outro lado da linha por ainda não terem encontrado o quadro dela, mas foi mais um motivo pra eu manter meus argumentos de que não levaria a tela. E ainda assim a atendente continuou insistindo.

Agradeci a moça, entrei no carro e fui embora. Chegando à casa da minha mãe, expliquei todo o acontecido e ela ligou novamente pra professora, que disse que havia acabado de chegar na escola. Minha mãe contou toda a história e ela disse que isso não seria possível, pois ela estava na frente do quadro e aquele era o único com o desenho de “copo-de-leite”.

Minha mãe deduziu o que já tinha passado por minha cabeça, que por mais incrível que pareça, eu tinha ido ao lugar errado. Apesar da rua, da placa de indicação, do nome da professora (era o mesmo também), do celular desligado e o tema do quadro igual, havia duas escolas de pintura ali, e as duas ficavam na mesma calçada. E eu fui justamente na errada.

Depois que tudo foi esclarecido, finalmente fui ao lugar certo e peguei o quadro certo que, diga-se de passagem, era muito mais bonito.

A gente riu muito dessa história. E ainda bem que eu não quis levar o outro quadro, apesar da insistência da funcionária da outra escola. Óbvio que eu devolveria, mas isso poderia ter dado muita dor de cabeça pra ela, se os chefes ficassem sabendo que havia insistido tanto pra que eu levasse o quadro que nem era meu. Tá certo que não estávamos sabendo desse detalhe, mas melhor ter certeza antes de sair por aí entregando quadros. rsrs

No final deu tudo certo e eu prometi que não passaria mais na frente daquela outra escola por um bom tempo. Se fosse hoje, eu até ligaria lá e explicaria o mal entendido de forma descontraída, afinal eram muitas coincidências. Mas na época, achei tão sem noção, que pensei que se a atendente de lá me visse por ali, ia chamar o hospício pra me levar. rsrs

Depois de toda a confusão, voltei outro dia na escola que minha mãe freqüenta, mas dessa vez, no horário de aula. Tava passando e aproveitei pra fazer uma surpresa. Entrei, mas confesso que não vou voltar lá por um bom tempo também, pois em apenas alguns minutos que fiquei ali, eu consegui esbarrar e derrubar o cavalete com a tela e todas as tintas e pincéis que ela estava usando. rsrs Não é nada contra arte, pelo contrário, sempre gostei. Só acho que eu era meio distraída naquela época. rsrs

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Faça chuva ou faça sol, não quero ir mais...


Eu tava no último ano de faculdade de publicidade, quando decidi participar mais uma vez da Semana Internacional de Criação Publicitária. Eu queria mesmo era assistir uma palestra do Nizan Guanaes, porém, naquele ano haveria Washington Olivetto e eu resolvi que seria muito interessante ir.

Juntei dinheiro para o ingresso. Depois disso veio a parte mais difícil, conseguir comprar pela desorganizada Ticketmaster (a mesma que me enlouqueceu na época do show do Pearl Jam). Depois de muita canseira, comprei pra mim e pra uma amiga.

Passaram alguns dias e finalmente chegou a hora de assistir a tão esperada palestra. Tinha marcado com minha amiga às 14h. Antes de sair, liguei em seu celular pra confirmar. A menina disse que não ia mais. Estava mal, vomitando tripas e coração. Pensei na hora: que chato, vou ter que ir sozinha.

Pra ajudar começou a chover. Às 15h, com uma hora de atraso, peguei o ônibus na rodoviária. Daqui até lá são, no máximo, 40 minutinhos de viagem, mas a chuva apertou e começou a chover granizo. A Marginal parou. O menino que ocupava a poltrona da frente dormiu com a janela aberta: era granizo direto na minha cara. Eu pensava: gordinho safado não vai acordar com o frio e as pedrinhas batendo em você? E nada do garoto se mexer. Tentei acordá-lo com um cutucão tímido, afinal eu não o conhecia. Nada. Desisti.

Fui tomando pedradas de gelo até o terminal. Olhava as ruas e via tudo coberto por água marrom. O trânsito parado. A chuva aumentando e a hora passando. A palestra começaria às 17h, e eu ainda estava dentro do ônibus.

Eu já imaginava tudo alagado, parado para todo o sempre e o helicóptero da Globo filmando ao vivo o congestionamento em meio à enchente, e eu acenando da janelinha do ônibus pra minha mãe que deveria estar assistindo ao jornal.

Finalmente chegou ao terminal. Desabituada a pegar metrô, andei por algum tempo como barata tonta. Foi quando lembrei que eu poderia pedir informações. Trajeto assimilado, peguei o metrô e me dirigi à Paulista. Desci e a chuva continuava. O local era próximo, mas a pé levaria de 20 a 30 minutos. Peguei um táxi, já era quase 19h00. Cheguei. Tudo vazio.

Entrei e perguntei ao segurança sobre a palestra. Ele disse que já fazia mais de uma hora e meia que havia começado e que já devia estar acabando. Quase tive um ataque. Perguntei se eu poderia entrar do mesmo jeito. Ele disse que sim desde que eu tivesse o ingresso.

Corri, corri, entreguei o ingresso, entrei! Palestra pela metade, tudo escuro, sem lugar pra sentar (que ótimo). Como vendem ingressos se não há lugares disponíveis? Sacanagem, né? Sentei no degrau ao lado de duas meninas da organização. Minutos depois elas estavam batendo papo e minha vontade era falar um monte pra cada uma. Não contente, uma delas começou a falar ao celular. Merecia ou não uma voadora? Duas sem educação. Pra ajudar, o áudio do lugar era terrível, tão terrível que o palestrante parou e pediu que a equipe técnica desse um jeito naquilo. Uns 10 minutos depois, pra surpresa de todos, nada tinha melhorado. Lamentável. Minha vontade era contar toda minha história: que juntei grana e pastei pra comprar pela Ticketmaster, que minha amiga me deixou na mão, que vim tomando pedras de granizo na viagem, que vi a água subir, o trânsito parar... Peguei táxi, ouvi que a palestra estava no final, não encontrei lugar pra sentar, surpreendi as moças da organização batendo papo na maior descontração e, pra ajudar, o problema do áudio não havia sido resolvido. Como isso? Eu não paguei pouco, não! Levei barrinha de cereal pra não gastar com alimentação na Paulista, que é tudo caro, pra ter que ficar adivinhando o que o Washington Olivetto falava? Ninguém merece!

Eu tava revoltada. Pensava: que eu to fazendo aqui? E antes das 21h, a palestra acabou. Tirei algumas fotos do celular, pois nem máquina eu levei (com toda aquela correria), e nada adiantou, pois um dia meu celular resolveu se aposentar sem aviso prévio e, infelizmente, eu não tive o cuidado de descarregar as fotos. Aliás, eu uso celular pra telefonar, não pra fotografar, dirigir, cozinhar ou passar roupa. Confesso que às vezes jogo alguma coisa ou ouço uma musiquinha, mas é algo bem eventual.

Quando saí do evento, todos estavam de carro ou tinham amigos e parentes esperando, menos eu, que precisei comprar um cartão telefônico, ligar pra um táxi pra poder voltar pra Paulista. Eu não ia a pé, sozinha no escuro. Peguei o táxi, peguei o metrô, voltei pro terminal, comprei passagem, peguei o ônibus e enfrentei tudo de novo. Meu ônibus era o último, por isso foi direto pra garagem, então ainda tive que ligar pedindo que me buscassem.

No ano seguinte, a Semana de Criação contou com a presença de Nizan Guanaes, mas como a organização havia relaxado daquela vez, resolvi ficar em casa e economizar meu dinheiro. Isso sem considerar o trauma do trajeto do ano anterior. rs