....... ............................Nala e MelSempre que precisava abrir o portão pra sair, achava admirável a atitude das duas simpáticas cachorrinhas que nunca passavam a linha imaginária do portão. Acontecesse o que fosse, as duas nunca saiam e isso sem treinamento, nem nada.
Certa vez a bolinha de uma delas rolou portão afora e, quando fui sair, nenhuma se atreveu a pegar. A Mel, que é da raça labrador, tentou me avisar que queria a bolinha, latindo e olhando na direção do brinquedo. Fui buscar e devolvi.
Antes de continuar, vou contar um pouco mais da personalidade das duas:
A Mel, como já citei, é da raça labrador. Isso já é o bastante pra saber o quanto ela é linda, amável, brincalhona, manhosa, carinhosa, companheira, alegre e saltitante. Um verdadeiro amor. Estabanada, mas um amorzinho.
A Nala é da raça pastor alemão. Acho a personalidade dela muito próxima a de um gato. Não sou muito fã de gatos, a única gata com quem fiz amizade foi a Pussy (da família Shinner), mas isso pelo simples fato da gatinha ter a personalidade quase igual a de um cão. Voltando à Nala, ela realmente se parece com um gato, por ser independente demais. Além disso, ela ainda é interesseira e tá sempre “cagando e andando” pra todo mundo e pra o que todo mundo pensa ou acha. É até admirável, mas não é bem isso que esperamos de um cachorro, né? Sei lá. Ela só vem quando tá com medo dos fogos ou percebe que você vai oferecer comida, do contrário, ela simplesmente te esnoba e segue a vidinha dela.
Só pra ter uma noção, certa vez a vi abanando o rabo ao ouvir a voz da vizinha. No início não entendi, pois ela não é de abanar o rabo pra ninguém da família e dos amigos. E pra vizinha só de ouvir a voz, ela já foi “sorrindo” e correndo até o portão? Foi aí que descobri que aqueles ossinhos de brinquedo que aparecem do nada, são presentes da vizinha. Ou seja, isso confirma a característica de interesseira da Nala.
Bom... Apesar das diferenças de temperamento, as cachorras são muito amigas.
Voltando ao assunto inicial... Sabendo do comportamento das duas em relação ao portão, nunca me preocupava em trancá-las no canil pra entrar e sair.
Um dia, super atrasada, abri o portão, tirei o carro e fechei, mas percebi algo esquisito: onde estavam as duas? Sempre que alguém sai, elas ficam pulando que nem duas cabritas em frente ao portão, mas dessa vez, não estavam. Comecei a chamar: Meééllll, Nalaaaa!, e nada.
Não era normal. Voltei e fui procurá-las, mas para surpresa, elas não estavam em lugar algum. Então, só havia uma explicação: resolveram mostrar suas rebeldias, fugindo, bem no dia em que eu estava atrasada.
Saí atrás delas. A cada esquina eu parava o carro e gritava: Nalaaaa, Meéélll. Rua por rua. As pessoas olhavam e deviam imaginar que eu era uma doida, pagando um mico, uma aposta, sei lá.
Desci até a portaria e perguntei se tinham visto duas cachorras perdidas. E o porteiro perguntou: um labrador e um pastor alemão? E eu pensei: Nossa! Tem mais cachorros fugindo em duplas, hoje? Mas não disse isso, pois sou educada e respondi que sim. Ele apontou a rua principal e disse: foram por ali.
Segui as pistas, continuei chamando e nada. Resolvi voltar pra frente do portão, onde tudo começou... Quem sabe elas tivessem voltado, mas não.
Não tinha outro jeito se não voltar a procurá-las. Fui em direção à rua principal mais uma vez. Enquanto isso eu já imaginava que podiam ter fugido por alguma saída secreta do condomínio. rsrs Ou que algum cachorro bem bravo em alguma casa com o portão aberto tivesse atacado as meliantes. Foi quando eu estava chegando à rua principal e vi uma cabeça de pastor alemão dentro da garagem de uma das casas. Parei o carro em frente e vi que tava rolando a festa lá... Parecia um aniversário. Dei uma de louca e comecei: Nalaaaa, Meéélll. Quando vejo, a Mel aparece vindo dos fundos da casa pro jardim, como se simplesmente morasse lá, super à vontade.
Desci do carro e chamei as duas, super brava. Elas vieram. Mas e aí? Eu tinha passado a manhã inteira lavando o carro, não podia colocá-las lá dentro. Fiquei uns dois longos minutos segurando as fujonas pelas coleiras e pensando: ou eu ofereço carona no carro limpinho, ou eu largo o carro no meio da rua e vou levando a pé, ou uma terceira opção, pois essas primeiras são inviáveis. Foi aí que pensei em resolver do jeito que dava pra resolver. Entrei no carro, e a 10 Km/h ia dirigindo e chamando para que elas me acompanhassem: Nalaaaa, Méeelll. Como eu já tinha passado a rua de casa e não dava pra voltar por ser contramão, precisei fazer o retorno lá em cima, dirigindo e gritando. Quando fui retornar, óbvio que elas passaram reto do retorno. Parei e gritei mais ainda, até elas olharem e voltarem. Pegamos o outro lado da rua e seguimos o mesmo esquema. Quando chegou a hora de virar a rua de casa, elas passaram reto mais uma vez, e eu precisei parar novamente e chamá-las ainda mais até que voltassem. Ao entrar na rua continuei e, quando chegamos, as duas foram direto de castigo pro canil.
Ao passar esse episódio, a Mel nunca mais fugiu, mas a Nala cavava a terra embaixo do portão pra escapar. Num outro dia, ouvi a Mel latindo desesperadamente. Desci pra ver o que era e ela olhava pra mim, pro portão e pro buraco que a Nala havia cavado e chorava. Entendi que estava me avisando que a amiga tinha fugido.
Dessa vez, acompanhada, saímos a pé procurando por ela: Nalaaaa, Nalaaaa! Ao entrar na rua principal, encontramos a Nala com uma vizinha que é veterinária. A moça disse que a encontrou andando, enfiada dentro de um suporte de ferro pra vasos de planta, mas que ela já tinha conseguido tirar. Resumindo, pra fugir, a Nala cavou a terra embaixo do portão, encontrou um suporte de vaso à frente, mas, ao invés de tentar desviar do suporte caído, ela literalmente “entrou” nele e foi passear.
Sem comentários. rsrs
Minha mãe faz aulas de pintura numa escola de artes próxima à casa dela. Um dia ela ligou no meu celular, pedindo que eu fosse até a escola retirar um dos quadros que havia ficado secando, pois ela daria de presente pra minha irmã.
Eu nunca tinha ido lá, mas sabia que ficava numa rua conhecida do bairro que meus pais moram. Contando com a informação que tinha uma placa indicando as aulas de pintura e sabendo o nome da professora, fui rapidamente pra lá.
Chegando à rua que, por sinal, é bem grande, fui olhando pra procurar a tal placa. Andei quase a rua toda até encontrar uma casa colorida com a placa que indicava as aulas. Parei o carro na frente e desci. Uma moça veio pra me atender. Expliquei que ia retirar um quadro que tinha ficado secando. Ela perguntou o nome da minha mãe (que havia pintado o quadro), o nome da professora e pediu que eu aguardasse.
Uns dez minutos depois, a moça volta de mãos abanando, dizendo que não encontrou nada. Mais do que depressa liguei pra minha mãe, contando a situação. Ela disse que não era possível e pediu pra que procurassem novamente. Repassei a mensagem e, mais uma vez, nada. Voltei a ligar. Minha mãe falou que então ligaria direto pra professora pra perguntar em que lugar ela tinha deixado o quadro. A moça da escola resolveu ligar também.
Nenhuma das duas conseguiu contato, o celular da professora estava desligado.
Diante da situação e da minha pressa, a atendente da escola resolve me levar na sala onde os quadros ficam secando, pra eu mesma encontrá-lo. Acontece que eu não sabia como era o tal quadro. Liguei mais uma vez pra minha mãe e ela disse que eram pinturas de flores “copos-de-leite” numa cesta. Procurei, procurei e nada.
A moça, que já não sabia mais o que fazer, disse que iria procurar em todas as salas, argumentando que podiam ter trocado de lugar pelo fato da tela já estar seca e pronta pra ser retirada. Eu fiquei lá na recepção esperando, esperando e esperando.
Um tempão depois, a moça volta dizendo que havia encontrado o quadro na primeira sala (onde as pinturas ficam pra secar). Pensei: caramba, como não vimos? Ela pega uma tela e me entrega, comentando pra eu recomendar à minha mãe que não se esqueça de assinar, agora que já está seca.
Peguei a tela, olhei bem aquele desenho, as cores e os detalhes e pensei: isso até pode ser uma pintura de “copo-de-leite”, mas minha mãe não teria o mal gosto de usar essas cores que não combinam. Entreguei de volta e disse que não era aquele quadro.
A moça devia achar que eu só podia estar de sacanagem. Com cara de desesperada, ela discordou na hora e argumentou que era aquele quadro sim, pois era o único com aquele tema.
Mas eu não acreditava que minha mãe tinha pintado aquele quadro e perdido o senso do bom gosto. O problema é que eu não ia dizer isso pra funcionária da escola. Então recusei novamente, mas a moça não parava de insistir e já ia carregando o quadro em direção à saída, pedindo pra eu abrir o carro, perguntando se queria que colocasse no banco ou porta-malas, que ela mesma iria acomodá-lo.
Mas, antes que enfiasse o quadro à força no carro, eu disse que iria buscar a minha mãe, pra que ela mesma retirasse. Mas a moça continuou insistindo pra eu levar. A essa altura, algo me dizia que, não sei como, eu estava no lugar errado.
Foi aí que resolvi ligar pra minha mãe. Expliquei como era a pintura do quadro que a moça tava quase me obrigando a levar, falei das cores, e que a tal cesta desenhada, estava mais pra um vaso de vidro. Ela disse que não era o quadro dela, que as cores eram em tons diferentes, que a cesta era nitidamente uma cesta e não um vidro. E que a única coisa parecida que eu havia citado do tal quadro é que o desenho das flores era “copo-de-leite”, e apenas isso. Obviamente que ela ficou desesperada do outro lado da linha por ainda não terem encontrado o quadro dela, mas foi mais um motivo pra eu manter meus argumentos de que não levaria a tela. E ainda assim a atendente continuou insistindo.
Agradeci a moça, entrei no carro e fui embora. Chegando à casa da minha mãe, expliquei todo o acontecido e ela ligou novamente pra professora, que disse que havia acabado de chegar na escola. Minha mãe contou toda a história e ela disse que isso não seria possível, pois ela estava na frente do quadro e aquele era o único com o desenho de “copo-de-leite”.
Minha mãe deduziu o que já tinha passado por minha cabeça, que por mais incrível que pareça, eu tinha ido ao lugar errado. Apesar da rua, da placa de indicação, do nome da professora (era o mesmo também), do celular desligado e o tema do quadro igual, havia duas escolas de pintura ali, e as duas ficavam na mesma calçada. E eu fui justamente na errada.
Depois que tudo foi esclarecido, finalmente fui ao lugar certo e peguei o quadro certo que, diga-se de passagem, era muito mais bonito.
A gente riu muito dessa história. E ainda bem que eu não quis levar o outro quadro, apesar da insistência da funcionária da outra escola. Óbvio que eu devolveria, mas isso poderia ter dado muita dor de cabeça pra ela, se os chefes ficassem sabendo que havia insistido tanto pra que eu levasse o quadro que nem era meu. Tá certo que não estávamos sabendo desse detalhe, mas melhor ter certeza antes de sair por aí entregando quadros. rsrs
No final deu tudo certo e eu prometi que não passaria mais na frente daquela outra escola por um bom tempo. Se fosse hoje, eu até ligaria lá e explicaria o mal entendido de forma descontraída, afinal eram muitas coincidências. Mas na época, achei tão sem noção, que pensei que se a atendente de lá me visse por ali, ia chamar o hospício pra me levar. rsrs
Depois de toda a confusão, voltei outro dia na escola que minha mãe freqüenta, mas dessa vez, no horário de aula. Tava passando e aproveitei pra fazer uma surpresa. Entrei, mas confesso que não vou voltar lá por um bom tempo também, pois em apenas alguns minutos que fiquei ali, eu consegui esbarrar e derrubar o cavalete com a tela e todas as tintas e pincéis que ela estava usando. rsrs Não é nada contra arte, pelo contrário, sempre gostei. Só acho que eu era meio distraída naquela época. rsrs