Naquele fim de tarde, os pais da garota saíram para um compromisso religioso.
A adolescente rebelde, como sempre, aproveitava esses momentos e chamava o namorado para visitá-la.
O menino chega e os dois partem para o beijo, abraço, amasso e coisa e tal, tal e coisa.
No meio da brincadeira toda, eles ouvem alguém batendo compulsivamente, na verdade, espancando a porta do quarto da teen. Pois é, o pai precisou voltar mais cedo por algum motivo qualquer que até hoje ninguém conseguiu explicar.
O homem aos berros, dizia: “Abre essa porta, agora”.
O jovem casal desesperado teve a feliz ou a infeliz idéia de esconder o pobre rapaz. A cortina era curta demais, enquanto sapatos, meias e bagunças ocupavam os outros “esconderijos”. A cama com gavetas na parte inferior, eliminava a possibilidade do meninão correr pra lá. Ah! Sobrou o guarda-roupa! Lógico! Como nos bons e velhos filmes, piadas, lendas urbanas e novelas, esse móvel era o grande aliado de amantes e candidatos a genro de todo o mundo, desde que o mundo é mundo, ou desde que o guarda-roupa foi inventado, logo depois do adultério e dos hormônios que enlouquecem os jovens casais solteiros. Tava tudo resolvido: o mocinho vai pra dentro do guarda-roupa.
O garoto de cueca se acomodou lá dentro. Tinha entrado pela quinta porta que dava acesso ao mundo de roupas e acessórios. Sim! Ele entrou pela quinta porta, pois era a última, a mais longe da entrada do quarto e a mais próxima de um final feliz!
Aparentemente tudo resolvido, a moça vestiu seu roupão e abriu a porta de sua desorganizada suíte teen para o pai desesperado que tava do lado de fora. O homem ainda nervoso gritava: “Quem está aí com você?”.
A filha torcendo pra tudo dar certo, nem respondia aos gritos do pai. O quarentão destinado a encontrar o motivo dos barulhos que tinham vindo de dentro daquele quarto, minutos antes, fez com que ele fosse farejando os possíveis lugares: atrás da cortina não e a cama tem o gaveteiro. Puxou o edredom e nada. Banheiro nada. No famoso canto de bagunças, ele bagunçou ainda mais e não encontrou, mais uma vez, nada. Ah! Faltou o guarda-roupa!
Primeira porta: blusinhas e saias. E o garoto apavorado se encolhe ao ver a luz do quarto invadindo guarda-roupa à dentro.
Segunda porta: jeans e casacos. O garoto quase tem um ataque nervoso.
Terceira porta: roupas de cama e toalhas. O menino quase chora, porém controla a respiração e tenta ficar calmo.
Quarta porta: pijamas e lingeries. O rapaz pensa: Ta chegando! Ele rezava, tentando não pensar no filme que tomava conta de sua imaginação, onde se via num futuro próximo, como um ex-namorado, prestes a ser capado, preso, hospitalizado, ridicularizado e acabado diante da família e da sociedade.
Quinta porta: acessórios de menina ao redor de um garoto que tinha por volta de 17 anos e apresentava uma cabeleira bagunçada, uma expressão desesperada, e que vestia apenas uma cueca que, por acaso, estava do avesso.
O pai olha pro mocinho e em seguida olha pra sua filha e diz: “O que esse moleque ta fazendo dentro do seu guarda-roupa?” Como se ele já não soubesse a resposta.
Mais do que nunca, uma pergunta imbecil, teve uma resposta mais do que de acordo. A resposta foi imbecil, esfarrapada, cara de pau e, principalmente, inesperada, porém, carregada de um inconsciente e desesperado senso de humor.
A menina olhando pra dentro do guarda-roupa, soltou com espontaneidade:- Nossa! Então era você que tava aí dentro? Eu bem que tinha ouvido um barulho, mesmo.
2 comentários:
Parabéns....
estou quase chorando com essa história!!!
Todos nós passamos por apertos parecidos na adolescência, mas essa desculpa realmente foi a pior. Rsrsrs...
Parabéns pelos textos.
Marcos
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