sexta-feira, 26 de junho de 2009

Minha mãe falou pra eu comprar uma bolsa térmica, mas eu prefiro jogar na Mega Sena.


É igual a minha. A única diferença é que eu não levo cerveja pro almoço.

Quando comecei a trabalhar fora, tive que aderir à marmita. Não à marmita que você compra do restaurante, feita na hora, quentinha e gostosa, mas a marmita que você leva de casa. Com comida preparada no dia anterior, o famoso e sofisticado “restô dóntê”. Conhece, né?
No início, eu não me incomodava não. Até gostava quando sabia que ia almoçar meu prato preferido. Meus amigos reclamavam. Pra vocês terem uma idéia, eu perguntava o que eles haviam levado e ninguém sabia responder. Não tinham o interesse de perguntar o que a mãe deles tinha colocado no tupperware. Às vezes abriam a marmita, olhavam e deixavam de lado. Iam comer outra coisa qualquer ou passavam o resto do dia sem almoço, mas se recusavam a provar a marmita. Eu achava um verdadeiro desperdício, ainda mais com tanta gente por aí passando fome.
Hoje, já começo a compreender melhor isso. Cansei de comer comida requentada. O gosto muda, fica sem graça. O cheiro não é o mesmo.
Mas o pior, é quando você leva marmita e não tem geladeira pra guardar. Na hora do almoço, a comida tá terrível, parece que desandou. No verão, quando tem feijão ou molho, esquece. Não dá pra comer. E quando você come, depois fica mal, pesada... É horrível.
Mas, pior que tudo isso, é quando você leva a marmita pra requentar, não tem geladeira e a comida foi feita por você. Aí você senta e chora no ralo.
Comida feitinha na hora, com ingredientes fresquinhos, é demais! Feita pela mamãe então, é sem comentários! Que saudade!
Levando tudo isso em consideração, um dia estava conversando com a minha mãe ao telefone e comentei essa história com ela. Ela achou que eu podia resolver tudo, comprando uma bolsinha térmica. Tá! Resolve um pouco o problema da falta de geladeira, mas e todo o resto? Não, não dá. Descordei. Ao invés de gastar meu dinheiro numa bolsinha térmica, resolvi que o negócio é jogar na Mega Sena. Além de sobrar grana pra comprar comida pronta, levar marmita pra quê? E pra onde? Resolve tudo! rs Mas, como ela não levou muito a sério o que eu disse, esses dias ela me deu uma bolsinha térmica de presente. rs

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Depois de "O Terminal" e do Agradecimento pelo Dia de Divas.

Eu, Shar e Bóris
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A Shar e o Bóris resolveram jogar tudo pro alto e ir embora pra Itália. Essa história se iniciou no Skype. Eles começaram a falar uma coisa aqui, combinar outra ali, até que tudo foi realmente se concretizando.
Antes da viagem, o Bóris pegou o carro dele e veio dirigindo de Curitiba até aqui. Horas de viagem. Enquanto isso, a Sharon ainda estava desesperada pra poder conseguir mais dinheiro pra viagem e também pra dar um jeito nos móveis da casa dela. Decidiu que os móveis que tinham valor sentimental seriam enviados para a sua família, enquanto o restante seria vendido, doado e, ainda assim, ia sobrar muita coisa. Ela já queria fazer uma feirinha na garagem e chamar os vizinhos, como nos filmes da Sessão da Tarde, quando o Bóris chegou. Ele passou alguns dias ali e fui visitá-los. Lembro que a Shar fez uma torta deliciosa. Hummm!
Sei que os dias passaram, o Bóris ajudou na casa, desentupiu a calha (no bom sentido, é claro) e depois foi embora, levando com ele metade dos problemas da Shar. Levou mesmo, literalmente. O Bóris que chegou com seu carro vazio, só com uma malinha, voltou abarrotado de coisas, parecia uma loja ambulante. Até uma TV quebrada foi embora com ele, na esperança de poder arrumá-la. Entre bugigangas, móveis, eletrodomésticos e a famosa coleção de revistas, que talvez, tivesse sido muito mais negócio vendê-la pra um colecionador, estava o motorista do carro, quase sendo empurrado pra fora. Eu só queria saber onde ele enfiou tudo aquilo quando chegou.
Sei que a parte mais cômica dessa história é que o carro dele teve um probleminha no meio do caminho. E as ferramentas, por incrível que pareça, estavam embaixo de tudo. Ele nos contou que parou o carro no acostamento e foi tirando tudo de dentro do carro pra achar as tais ferramentas. Quem passava de carro naquela hora, no mínimo pensava que ele era um muambeiro.
No fim das contas, a Shar conseguiu fazer tudo o que precisava a tempo e o Bóris, também. Os dois embarcaram e acho que pra encontrá-los novamente, vai demorar um pouquinho.

sábado, 6 de junho de 2009

Agradecimento pela recepção durante nossos dias de Divas!


Tínhamos ido fazer um passeio em Curitiba e ficamos hospedadas na casa da Giselly. Quando retornamos em solo paulista, resolvemos agradecer a hospitalidade da dona da casa e do Bóris que teve a idéia de ficarmos lá.
Pra nossa alegria, meu primo, que também mora em Curitiba e que havia feito parte da história da viagem (que aliás, já foi contada aqui), também tinha vindo pra São Paulo, dias antes que a gente. Era fim de ano e seu plano era passar a virada com a família. A parte interessante foi que nós tivemos a chance de desfrutar mais um pouco de sua companhia e “usá-lo” como Sedex, e de graça, pra entregar um presentinho à Giselly e ao Bóris.
Tínhamos que escolher um presente que agradasse os dois. Difícil hein? A Giselly era professora de universidade, gostava de moto e cachorro. O Bóris era engenheiro, já tinha dirigido um pedalinho em plena avenida e tinha um ótimo senso de humor. Até aí, nada nos ajudava para presenteá-los. Então fomos pensando em diferentes opções e descartando o que não servia. Até que a Shar teve uma grande idéia: vinho. Realmente, era perfeito! Opção decidida, marcamos pra visitar algumas adegas da cidade. Passei pra pegá-la na hora do almoço, não lembro o motivo de ser nesse horário, talvez estivéssemos de “férias”, ou eram aquelas emendas de fim de ano. Do contrário, estaríamos trabalhando, com certeza. O detalhe é que o combinado era na hora do almoço, porém estávamos de estômago vazio, nenhuma das duas tinha almoçado. Fomos a um bairro que sabíamos que era famoso por sua comercialização de vinhos. Sabíamos de dois ou três lugares, mas chegando lá, começaram a brotar opções. Entramos em um, noutro. E todo mundo sabe que comprar vinho em adega não é como comprar no supermercado; você prova pra escolher o mais interessante. Imagina só, as duas sem noção, provando vinho de estômago vazio, num sol de rachar do meio dia. Não sei se começamos a ver coisas, mas numa das adegas que entramos, a pessoa que nos atendeu e deu todas as dicas quanto sabor e demais curiosidades era um menino de uns doze anos. Achamos aquilo um absurdo: criança trabalhando e, pior, com bebida alcoólica. Perguntamos se não havia um adulto no lugar, aí apareceu alguém. Entendemos que eles moravam todos ali e a criança criada em meio àquela cultura, ajudava eventualmente no atendimento, mas, ainda assim, não ficamos nada satisfeitas com a idéia. Andando pra lá e pra cá, escolhemos um que achamos que agradaria os dois. Esperei um pouco pra pegar novamente no volante, afinal, tinha provado algumas taças e assim que tudo se normalizou, voltamos pra civilização. Cheguei em casa e fiz pátina num porta-vinho de madeira para colocarmos a garrafa. Meu primo que ia entregar o presente quando voltasse à Curitiba, estava em casa e participou da produção: ficou assistindo eu dar os últimos retoques no porta-vinho. Aliás, essa história deve estar marcada na memória dele até hoje como um trauma. Naquele dia, não tinha nada em casa pra eu oferecer, nem cerveja, nem refrigerante, nem nada de interessante. Então comecei a procurar o que havia disponível e inventei uma receita nova: suco de morango batido com leite e paçoca. Acho que foi a bebida mais terrível de nossas vidas. O pior foi que eu o servi primeiro e só depois fui me servir, enquanto isso o coitado foi tomando. Quando eu provei, o negócio tava punk, e eu mesma resolvi tirar o copo das mãos dele e salvá-lo. Depois disso ele confessou que realmente estava horrível e que, por isso, nunca mais ia beber ou comer nada preparado por mim. Brincadeira. Ele não disse isso, mas acho que pensou. rs
No dia seguinte, levei o porta-vinho pronto na casa da Shar. Escrevemos cartas agradecendo e colocamos junto com o vinho. Ela, meu primo e eu, embrulhamos o presente em papel celofane colorido, colocamos numa caixa e embrulhamos. Tudo por um motivo: não confiávamos no meu primo. Víamos ele derrubando a garrafa na primeira oportunidade, estragando todo o presente. Mentira! rs
Quando ele foi embora, fui levá-lo até a rodoviária e, lógico, aproveitei para conferir se ele não ia se esquecer da caixa. Dias depois, ele foi se encontrar com o Bóris e entregar o presente. Soubemos que deu tudo certo. Os dois ficaram contentes com o vinho. E a Shar e eu com o Raphael por ter feito a entrega sem cobrar nada.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mentira Nem Sempre Têm Pernas Curtas.


Na minha família tem contador, dono de padaria, dono de loja de animais, de lanchonete, etc. O primeiro emprego meu e da minha irmã foi no escritório do meu pai. Mas, logo fomos demitidas, pois não tínhamos responsabilidade suficiente pra coisa. A gente se divertiu muito, mas hoje vejo o quanto fomos inúteis. A gota d’água foi quando meu pai nos surpreendeu carimbadas. Pois é! Ele pedia para que carimbássemos os documentos que já haviam sido cuidados com um carimbo que tinha o símbolo da contabilidade. Um dia, nos empolgamos e carimbamos uma a outra. Braços e caras. Meu pai não gostou muito da brincadeira.
Talvez se ele tivesse uma agência de publicidade, teria dado certo.
Meu segundo emprego foi num comércio, nesses da família... Eu precisava pagar a faculdade e meu pai sabia que eu não tinha perfil pro escritório dele.
Todo meu pagamento ia pra conta da faculdade, no final, meu pai me dava uns trocados pra eu não andar com a carteira vazia por aí. Bom... Sei que nesse emprego não tinha muitos funcionários, mas eu lembro bem da Dona Cida que fazia a limpeza. E lembrar da Dona Cida, é lembrar de uma outra história...
Numa certa manhã, estávamos trabalhando e conversando, quando meu primo chegou. Por “incrível coincidência” ele era um dos fornecedores. Tudo em família. Conversa vai, conversa vem, ele perguntou se eu iria na viagem de família que estava pra acontecer (uma viagem que é tradicional, que já contei por aqui). Eu respondi que não, que meu chefe (parente nosso) não ia deixar, afinal eu tinha acabado de começar a trabalhar. Então, perguntei pra ele quem ia, e tive como reposta uma grande lista de pessoas. A Dona Cida, que estava junto, ficou impressionada e perguntou se a casa onde todos iriam ficar era grande, e como fariam pra cozinhar, limpar, etc. Meu primo ao invés de contar a verdade e explicar pra ela que a casa era grande e que um pessoal seria contratado pra ajudar nos serviços domésticos, não. Resolveu inventar uma história:
- Então, Dona Cida, é a minha tia, mãe dela (me apontando), é quem lava, passa, limpa, cozinha e arruma toda a bagunça da família. Sabe qual o motivo? É que ela não é minha tia, apenas pensa que é. Quando era bebezinho, ela foi largada na frente da casa do meu avô. Quando ele viu, resolveu pegar já pensando que quando crescesse, ia fazer os serviços domésticos da família. Então quanto tem festa de aniversário, churrasco, Natal, Ano Novo, Viagem e essas coisas, ela pensa que é convidada, mas na verdade a gente só chama pra ter alguém pra limpar a bagunça no final. É lógico que a gente a deixa comer e beber. É por isso que ela não desconfia de nada. A senhora pode reparar que a minha mãe é bem loira, tem olho mais claro, pele bem clara, e a minha tia não é tão clarinha assim, pois elas não são irmãs coisa nenhuma.
A Dona Cida só prestou atenção e nem abriu a boca.
Eu ria, e o cara de pau foi embora rindo também.
Mais tarde, a Dona Cida se aproximou de mim e disse:
- Nossa! Coitada da sua mãe.

Eu caí na gargalhada e expliquei pra ela que era tudo mentira dele. E que, mesmo que ela tivesse sido deixada na porta do meu avô, a família jamais a trataria assim.