
Tínhamos ido fazer um passeio em Curitiba e ficamos hospedadas na casa da Giselly. Quando retornamos em solo paulista, resolvemos agradecer a hospitalidade da dona da casa e do Bóris que teve a idéia de ficarmos lá.
Pra nossa alegria, meu primo, que também mora em Curitiba e que havia feito parte da história da viagem (que aliás, já foi contada aqui), também tinha vindo pra São Paulo, dias antes que a gente. Era fim de ano e seu plano era passar a virada com a família. A parte interessante foi que nós tivemos a chance de desfrutar mais um pouco de sua companhia e “usá-lo” como Sedex, e de graça, pra entregar um presentinho à Giselly e ao Bóris.
Tínhamos que escolher um presente que agradasse os dois. Difícil hein? A Giselly era professora de universidade, gostava de moto e cachorro. O Bóris era engenheiro, já tinha dirigido um pedalinho em plena avenida e tinha um ótimo senso de humor. Até aí, nada nos ajudava para presenteá-los. Então fomos pensando em diferentes opções e descartando o que não servia. Até que a Shar teve uma grande idéia: vinho. Realmente, era perfeito! Opção decidida, marcamos pra visitar algumas adegas da cidade. Passei pra pegá-la na hora do almoço, não lembro o motivo de ser nesse horário, talvez estivéssemos de “férias”, ou eram aquelas emendas de fim de ano. Do contrário, estaríamos trabalhando, com certeza. O detalhe é que o combinado era na hora do almoço, porém estávamos de estômago vazio, nenhuma das duas tinha almoçado. Fomos a um bairro que sabíamos que era famoso por sua comercialização de vinhos. Sabíamos de dois ou três lugares, mas chegando lá, começaram a brotar opções. Entramos em um, noutro. E todo mundo sabe que comprar vinho em adega não é como comprar no supermercado; você prova pra escolher o mais interessante. Imagina só, as duas sem noção, provando vinho de estômago vazio, num sol de rachar do meio dia. Não sei se começamos a ver coisas, mas numa das adegas que entramos, a pessoa que nos atendeu e deu todas as dicas quanto sabor e demais curiosidades era um menino de uns doze anos. Achamos aquilo um absurdo: criança trabalhando e, pior, com bebida alcoólica. Perguntamos se não havia um adulto no lugar, aí apareceu alguém. Entendemos que eles moravam todos ali e a criança criada em meio àquela cultura, ajudava eventualmente no atendimento, mas, ainda assim, não ficamos nada satisfeitas com a idéia. Andando pra lá e pra cá, escolhemos um que achamos que agradaria os dois. Esperei um pouco pra pegar novamente no volante, afinal, tinha provado algumas taças e assim que tudo se normalizou, voltamos pra civilização. Cheguei em casa e fiz pátina num porta-vinho de madeira para colocarmos a garrafa. Meu primo que ia entregar o presente quando voltasse à Curitiba, estava em casa e participou da produção: ficou assistindo eu dar os últimos retoques no porta-vinho. Aliás, essa história deve estar marcada na memória dele até hoje como um trauma. Naquele dia, não tinha nada em casa pra eu oferecer, nem cerveja, nem refrigerante, nem nada de interessante. Então comecei a procurar o que havia disponível e inventei uma receita nova: suco de morango batido com leite e paçoca. Acho que foi a bebida mais terrível de nossas vidas. O pior foi que eu o servi primeiro e só depois fui me servir, enquanto isso o coitado foi tomando. Quando eu provei, o negócio tava punk, e eu mesma resolvi tirar o copo das mãos dele e salvá-lo. Depois disso ele confessou que realmente estava horrível e que, por isso, nunca mais ia beber ou comer nada preparado por mim. Brincadeira. Ele não disse isso, mas acho que pensou. rs
No dia seguinte, levei o porta-vinho pronto na casa da Shar. Escrevemos cartas agradecendo e colocamos junto com o vinho. Ela, meu primo e eu, embrulhamos o presente em papel celofane colorido, colocamos numa caixa e embrulhamos. Tudo por um motivo: não confiávamos no meu primo. Víamos ele derrubando a garrafa na primeira oportunidade, estragando todo o presente. Mentira! rs
Quando ele foi embora, fui levá-lo até a rodoviária e, lógico, aproveitei para conferir se ele não ia se esquecer da caixa. Dias depois, ele foi se encontrar com o Bóris e entregar o presente. Soubemos que deu tudo certo. Os dois ficaram contentes com o vinho. E a Shar e eu com o Raphael por ter feito a entrega sem cobrar nada.
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