terça-feira, 2 de junho de 2009

Mentira Nem Sempre Têm Pernas Curtas.


Na minha família tem contador, dono de padaria, dono de loja de animais, de lanchonete, etc. O primeiro emprego meu e da minha irmã foi no escritório do meu pai. Mas, logo fomos demitidas, pois não tínhamos responsabilidade suficiente pra coisa. A gente se divertiu muito, mas hoje vejo o quanto fomos inúteis. A gota d’água foi quando meu pai nos surpreendeu carimbadas. Pois é! Ele pedia para que carimbássemos os documentos que já haviam sido cuidados com um carimbo que tinha o símbolo da contabilidade. Um dia, nos empolgamos e carimbamos uma a outra. Braços e caras. Meu pai não gostou muito da brincadeira.
Talvez se ele tivesse uma agência de publicidade, teria dado certo.
Meu segundo emprego foi num comércio, nesses da família... Eu precisava pagar a faculdade e meu pai sabia que eu não tinha perfil pro escritório dele.
Todo meu pagamento ia pra conta da faculdade, no final, meu pai me dava uns trocados pra eu não andar com a carteira vazia por aí. Bom... Sei que nesse emprego não tinha muitos funcionários, mas eu lembro bem da Dona Cida que fazia a limpeza. E lembrar da Dona Cida, é lembrar de uma outra história...
Numa certa manhã, estávamos trabalhando e conversando, quando meu primo chegou. Por “incrível coincidência” ele era um dos fornecedores. Tudo em família. Conversa vai, conversa vem, ele perguntou se eu iria na viagem de família que estava pra acontecer (uma viagem que é tradicional, que já contei por aqui). Eu respondi que não, que meu chefe (parente nosso) não ia deixar, afinal eu tinha acabado de começar a trabalhar. Então, perguntei pra ele quem ia, e tive como reposta uma grande lista de pessoas. A Dona Cida, que estava junto, ficou impressionada e perguntou se a casa onde todos iriam ficar era grande, e como fariam pra cozinhar, limpar, etc. Meu primo ao invés de contar a verdade e explicar pra ela que a casa era grande e que um pessoal seria contratado pra ajudar nos serviços domésticos, não. Resolveu inventar uma história:
- Então, Dona Cida, é a minha tia, mãe dela (me apontando), é quem lava, passa, limpa, cozinha e arruma toda a bagunça da família. Sabe qual o motivo? É que ela não é minha tia, apenas pensa que é. Quando era bebezinho, ela foi largada na frente da casa do meu avô. Quando ele viu, resolveu pegar já pensando que quando crescesse, ia fazer os serviços domésticos da família. Então quanto tem festa de aniversário, churrasco, Natal, Ano Novo, Viagem e essas coisas, ela pensa que é convidada, mas na verdade a gente só chama pra ter alguém pra limpar a bagunça no final. É lógico que a gente a deixa comer e beber. É por isso que ela não desconfia de nada. A senhora pode reparar que a minha mãe é bem loira, tem olho mais claro, pele bem clara, e a minha tia não é tão clarinha assim, pois elas não são irmãs coisa nenhuma.
A Dona Cida só prestou atenção e nem abriu a boca.
Eu ria, e o cara de pau foi embora rindo também.
Mais tarde, a Dona Cida se aproximou de mim e disse:
- Nossa! Coitada da sua mãe.

Eu caí na gargalhada e expliquei pra ela que era tudo mentira dele. E que, mesmo que ela tivesse sido deixada na porta do meu avô, a família jamais a trataria assim.

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