quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Crônicas Noturnas - Prefácio

Cartaz de Lançamento


Escrito por um jornalista que pensava que era vampiro, pois trocava o dia pela noite, Crônicas Noturnas não é um livro de terror, nem de assombração. Pelo contrário, é um livro com um notável humor, que pode agradar públicos de diferentes idades e gostos. Interessantíssimo, faz com que o leitor tenha uma curiosa sensação de querer virar a página para ler mais, mesmo sabendo que uma história é independente da outra, e a maioria se resume em uma única folha.
Cada linha apresenta nitidamente as características, pontos de vista e personalidade do autor, traduzindo seu jeito único de passar suas idéias para o papel. Mas isso não é motivo pra assustar ninguém, ele escreve muito bem!
Fã de histórias em quadrinhos, seriados de televisão, vídeo games, cinema, literatura e o próprio jornalismo, seus textos apresentam a influência de cada um desses itens numa só mistura e num só livro.
Crônicas Noturnas é indicado pra quem gosta de uma boa leitura, mas também pode ser um ótimo incentivo pra quem ainda não tem o hábito de ler, já que o livro é super agradável, leve e que prende a atenção.
Bastante interativo e dinâmico, seus diferentes assuntos e personagens fazem com que o leitor pense ou se lembre de situações, seja dele ou de um alguém conhecido, de algo que leu, ouviu ou assistiu. E é essa familiarização que o leva ao envolvimento com o livro.
Os temas são baseados em assuntos comuns, abordando situações pessoais e também atuais do dia-a-dia das pessoas ou do momento cultural e político, com uma dose de fantasia e imaginação inteligente que “ilustra” cada história e faz com que o leitor “viaje”.
Carregadas de um humor sarcástico diferenciado, característico do autor, as crônicas tornam-se reflexivas e, ao mesmo tempo, bastante divertidas.
Boa leitura e bom divertimento!

Crônicas Noturnas


Desenho da capa do livro Crônicas Noturnas.


A próxima postagem será referente ao prefácio que escrevi para o livro do meu amigo jornalista, funcionário público, apertador de botão para trocar os programas de uma emissora de TV, escritor, noivo da Sílvia, tio de duas sobrinhas e contador de histórias, Luciano, também conhecido como Carcomido, entre outros apelidos.

Nem preciso dizer que foi uma honra escrever o prefácio. Bom... Leia a próxima postagem e saiba mais!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Encontro


Como já foi citado na postagem anterior, o encontro com a Jenny foi no último lugar do mundo que eu poderia imaginar, ainda mais vindo dela: o shopping. E não era um shopping novo ou diferente, era justamente o shopping que foi “vizinho” dela durante um tempo. Motivos mais que suficientes pra ela marcar em qualquer outro lugar. Prova de que as pessoas mudam. rs

Ela me ligou de um telefone público, dizendo que estava lá. Como a moça avisou que o cartão telefônico ia acabar, logo que a ligação caiu, eu retornei (dessa vez a chamada tinha identificação). Uma voz bem humorada de homem com sotaque estrangeiro atendeu, perguntando meu nome: Mariana?
No fundo dava pra ouvir a inconfundível risada da Jenny. Em seguida, ela assumiu a conversa e marcamos em frente ao mercado.

Ao chegar, comecei a procurá-la. Lá estava ela, sentada à mesa de um café com mais três pessoas. Quando nos vimos foi um monte de “Má Quê” pra lá, “Má Vá” pra cá.
O figura do namorado dela, que também atende por Richard, nos fotografava feito paparazzi enquanto conversávamos em meio ao café. As pessoas ao redor se escondiam atrás dos cardápios e guardanapos para não sair na suposta Imitação da Revista Caras sem ganhar cachê. Pelo menos era assim que eu tava me sentindo: uma celebridade. E as pessoas se escondiam mesmo, é só analisar as fotos que dá pra perceber. No mínimo estavam desconfiadas da situação. Até eu desconfiei: comecei a duvidar que existia shopping no país deles. rs

Ficamos um tempinho ali e resolvemos ir a uma chopperia que serve refeições, porções, lanches e afins, pois o pessoal tava faminto. Lógico que estavam, afinal, não foram almoçar com a gente, né? rs
O Richard adorou o jogo americano de papel da chopperia e levou uns três embora pra Inglaterra. A pessoa que fez a arte do jogo é um conhecido. Quase chamei o cara pra dar um autógrafo pra ele. rs

Na hora de fazer os pedidos, a Jenny já estava tão enlouquecida de fome e cansaço que tava falando inglês com o garçom e português com o namorado. E comentários à parte, não pude deixar de reparar na base de troca do moço: como a Jenny pediu batata frita e ele uma salada, o comédia cada vez que pegava uma porção de batatas, trocava por tomates secos da salada dele. No entanto, quando acabaram os tomates, ele não pegou mais as batatas. rs

Enquanto o pessoal comia, a Jenny ensinava palavras em português de maneira errada ao Richard. Explicava que devia chamar o moço que servia os pratos de “garção”. E ainda dava dicas impressionantes: “é como João, Feijão, Portão e Mão. Se diz, Garção". Quanta maldade! rs

Bom... Situações a parte, quando todos estavam finalmente alimentados, a Jenny contou dos seus passeios em solos brasileiros e sobre as visitas que fez à sua família. Comentou da habilidade do Alec em fotografar. Falou que ele havia pedido para “tirar” uma foto. Ela emprestou a máquina (e que máquina) e, ao conferir o resultado, descobriu que seu sobrinho é um fotógrafo nato e, a partir de então, nomeou a criança como fotógrafo profissional da Família Shinner. Ela levou tão a sério a brincadeira que numa noite em uma pizzaria, o menino pediu que a tia segurasse a onda e deixasse ele comer em paz: “agora chega de foto, que eu também quero comer”. Posso até visualizar a cena. O Alec tem um senso de humor impagável. rs
Isso me fez lembrar de uma das vezes de quando ele e a Fanny estiveram por aqui e fomos a um restaurante. O menino devia ter uns 4 anos. O garçom perguntou o que íamos beber e eu pedi um chopp, já a Fanny optou por uma cerveja e o Alec resolveu acompanhá-la. Pois é, ele bateu boca com um garçom por exigir seu direito de cliente de ter seu pedido atendido: queria que o garçom servisse uma cerveja pra ele. Nada mais justo: ele queria beber o mesmo que a mãe dele. A parte boa foi que depois de explicar várias vezes que era proibida a venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos, a gente conseguiu distraí-lo com figuras e lápis coloridos. Confesso que demorou, pois o menino tem opiniões formadas, mas conseguimos. rs

Voltando às histórias da Jenny, ela contou também sobre sua visita a suas tias malucas. E quando digo maluca, não tô exagerando, não. Lembro bem de quando éramos adolescentes: eu estava na casa da Jenny e a tia dela também. De repente, a mulher resolve dar um passeio no shopping e sai da casa toda arrumada com direito a sapato, bolsa e bobs no cabelo. Mas não eram bobs comuns como os da “Dona Florinda”, eram daqueles gigantes e coloridos. Sei que a gente não conseguiu impedir, ela realmente estava decidida. Concluímos então que do lugar de onde ela vinha, aquilo era comum e por isso resolvemos não nos meter com a cultura alheia. rs

Voltando aos relatos da Senhorita Shinner, as tias malucas que de tão alegres por recebê-la junto com o pessoal gringo, pediam pra que eles estendessem a visita cada vez que “ameaçavam” a ir embora, prometendo que fariam “um coffee” pra todos. E eles tanto gostaram do tal “coffee” que o Richard tava com uma sacola de grãos, cultivado pela família da Jenny, dentro da mochila. O negócio tinha um cheiro tão forte e a aparência tão suspeita que era bem provável que aquilo trouxesse complicações, caso fossem revistados.

E naquele abre e fecha da bolsa do gato Félix, que tinha de tudo um pouco, inclusive o jogo americano de papel, eles nos deram um pacote de caju cristalizado. Doce que trouxeram do Maranhão, dias antes. Tinha um monte no saquinho e antes que eu conseguisse entender que estavam me dando de presente, peguei o saquinho, tirei um sarro e devolvi. Mas juro que não foi por mal. No entanto, no dia seguinte fui a um aniversário e os cajuzinhos cristalizados estavam na minha bolsa. A festa inteira acabou vendo e os “passa fome” quase acabaram com o meu doce. Como se no aniversário não tivesse o que comer. rs O docinho fez “o sucesso.”

Eu sei que a Jenny andou comentando por aí que fiz desfeita aos cajuzinhos dela, mas não é verdade. rs

Bom... Agora é esperar o próximo encontro. E por aqui, torcemos para que na próxima, possamos contar com a presença das três irmãs malucas. Aliás, já tá mais do que na hora. A Jenny e a Fanny ainda aparecem, já a Shar, passa batido de São Paulo. Deixa ela... rs

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As Peripécias da Jenóca no Brasil!


Jenny e Eu
...
Em Homenagem à Minha Querida Amiga Jennifer Shinner:

Depois de mais ou menos uns cinco anos longe do Brasil, essa doida apareceu por aqui sem aviso prévio.

Numa manhã de quarta-feira meu celular toca às oito e meia da manhã, era número restrito. Pra sorte dela, eu estava de bom humor e atendi, pois não sou adepta a atender quem não quer se identificar.

- Alô.

Ela fez alguma brincadeira que eu não me lembro agora, e isso significa que eu não estava de tão bom humor assim, pois respondi:

- Com quem você quer falar? (do tipo, pára com essa gracinha, Sra. Sem Identificação, e diz logo o que quer, mas antes prove que me conhece. Sei que é grosseria, mas, por incrível que pareça, não reconheci a voz da criatura).

- Má Quê! Acordou agora?

Bastou o “Má Quê” pra eu saber que se tratava de uma das Senhoritas Shinner. Dois segundos depois, identifiquei qual das duas era, já que a voz da Jenny é incrivelmente idêntica a da Shar. Sei quem é quem pela maneira de falar. É como reconhecer irmãos gêmeos idênticos, quando você é da família ou amigo próximo, pois as demais pessoas sempre conseguem errar, mesmo tendo 50% de chance de escolher o nome certo, antes de chamar um deles.

- Sua louca! Lógico que não. Estou trabalhando.

- Má Vá! Imaginei mesmo que estava trabalhando. Você vai ficar livre hoje?

- Vou, às 18h00, assim espero.

Eu achava que a cidadã, de dupla cidadania, diga-se de passagem, ia querer me ligar após meu horário de trabalho, pois sempre que liga, faz dessa maneira.

- Onde a gente pode se encontrar?

- Como assim “onde a gente pode se encontrar”? Tá me zoando?

- Não. Tô aqui, hospedada no hotel tal, que fica na rua tal, blá, blá, blá...

Era verdade! Ela tava aqui. E eu tinha um aniversário “sobrinhês” pra ir, mas também não podia deixar de me encontrar com a Jenóca, depois de tanto tempo e tanta saudade.

Combinamos horários e lugares, descombinamos e deixamos pra combinar depois e etc. No fim, ela disse que iria pra outra cidade no dia seguinte, mas que no sábado passaria por aqui novamente. Como eu tinha o aniversário e por isso teria que reduzir o tempo do nosso encontro, achei interessante marcarmos pro sábado e assim foi. Deixamos combinado que almoçaríamos juntas e que ela me ligaria antes pra nos encontrarmos.

No sábado, escolhi um restaurante que fica no meio do mato, bem legal, pois achei que era a cara dela. Fomos pra lá com celulares apostos esperando que a moça ligasse e nada. Almoçamos e quando já estávamos fazendo a digestão, ela liga. Então fomos encontrá-la no pior lugar que alguém poderia querer visitar, o shopping.

Chegando lá, optamos por uma chopperia. Conversa vai, conversa vem, ela começou a contar as peripécias dela com o namorado inglês no Brasil. Disse que foram se encontrar com um amigo dela num barzinho. Colocando o assunto em dia e tal, o sacana do amigo disse pra ela: “peidei”.

Ela, sem noção, caiu na risada. O namorado ficou curioso e perguntou do que falavam. Ela, explicou em inglês pro moço, o que o amigo havia falado. E o namorado tão doido quanto, achou interessante e perguntou em inglês, como se dizia “peidei” em português. Nesse momento a garçonete se aproximava, e bem na hora que a moça chegou, se curvando pra perguntar qual seria o pedido da Dona Jenóca, coincidiu dela responder a pergunta do namorado: “peidei”.
Agora pára e visualiza a situação! rsrs

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Situações Curiosas


Estávamos todos sentados à mesa, comendo nachos com patê de alho e cebola. Entre uma conversa e outra, começamos a falar de situações curiosas. Todo mundo comentou a sua, até que a nova namorada do personagem coadjuvante da história resolveu contar um fato curioso que ela havia presenciado na adolescência.
Entre um nacho e outro, a menina foi falando. Aliás, nachos sem patês: ela evitava os deliciosos molhos para poder beijar o namorado tranquilamente depois (acho que ela devia ter provado. Primeiro porque estavam deliciosos e, depois, porque o hálito fresco não fez com que o namoro deles durasse). A menina contou que, certa vez, estava numa danceteria com uns amigos e de repente, do nada, surge no meio da pista de dança, com direito a luzes e holofotes, uma mãe enlouquecida atrás de seu filho. O negócio é que essa mãe não estava só enlouquecida, como também estava num figurino de abalar a memória de qualquer cidadão que estivesse presente na tal balada aquele dia. Ela não só invadiu o lugar, como circulou em todos os seus ambientes de camisola prata e pantufas. Pois é! A história curiosa que a menina contava era de uma mãe enlouquecida que invadia a balada de camisola e pantufas, atrás de seu filho fujão. Mas, pra espanto da garota, todos começaram a rir da história não só pelo fato “curioso”, mas com uma certa intimidade... Foi aí que o namorado tratou de revelar que o tal garoto que era procurado naquela noite, era ele. A candidata a sogra, rindo muito, explicou que o filho havia dito que iria à casa do amigo e que voltaria logo. Ela já estava pronta pra dormir, quando começou a achar que o menino estava atrasando demais. Como tinha que acordar cedo pra trabalhar no dia seguinte e queria resolver logo isso, colocou a filha mais nova no carro e foi, do jeito que estava, até a casa do amigo de seu filho, para buscá-lo. Chegando lá, descobriu que eles tinham ido pra tal danceteria. Ela ficou muito brava, pois o filho mudou os planos e não avisou nada, sendo que ele tinha aula de manhã no dia seguinte. Ela então não teve dúvidas: foi até lá buscar o adolescente irresponsável. A filha, que percebeu o tamanho do mico que podia pagar junto com o irmão (e de graça, no caso dela) se escondeu embaixo do banco, assim que o carro foi estacionado devidamente em frente à balada. Ela não podia acreditar no que estava acontecendo, porém, também não duvidava que uma mãe furiosa fosse capaz de invadir um lugar de camisola.
Chegando à portaria, a mãe enfurecida ainda foi legal e pediu que anunciassem o nome do menino no microfone, pedindo que ele se retirasse do local. A música parou e o anúncio foi feito. Todo mundo “pescoçou” pra saber quem era a figura anunciada no microfone. E o filho adolescente, cheio de preocupações com o que os outros podiam pensar, ao ouvir o comunicado, resolveu não pagar esse mico e ficou lá, como se nada tivesse acontecendo, como se não fosse com ele, apesar do amigo quase ter denunciado de quem se tratava. Ele só não imaginava que tomando essa atitude, a situação poderia ficar pior, ou seja, não passou pela cabeça da criatura que a mãe dele entraria pra procurá-lo, pessoalmente. E não apenas entraria, mas entraria de camisola e pantufas. rs
Acho que se ele soubesse, teria saído na primeira oportunidade, aliás, não teria nem saído de casa naquele dia. rs
Só sei que essa história acompanhada de nachos, rendeu muitas risadas.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Caio Balzaquiano, a Síndrome de Peter Pan e O Bife Acebolado.

Caio com o caderno "Agito", numa sessão de fotos e autógrafos.
...
Ontem, levei pra almoçar uma marmita preparada pela minha sogra. Eu achei ótimo, pois nada melhor do que levar uma marmita “surpresa”, preparada por outra pessoa, por alguém que tem mais experiência. Hummm!
Coloquei pra esquentar no microondas e quando tirei, o aroma invadiu a cozinha, lembrando cheirinho de restaurante self service.
Tinha tanta comida que parecia coisa pra um pedreiro faminto que trabalhou duro debaixo de sol o dia todo, mas eu comi tudo. E ainda levei batata palha pra acompanhar. Só de lembrar dá água na boca. O negócio foi que comecei a escrever isso porque, enquanto comia aquela comida deliciosa, lembrei do Caio.

Lembrei também que fazia anos que não comia bife acebolado. E enquanto cortava o bife em meio às rodelas de cebola, veio à memória o episódio que envolvia o Caio contra o Bife Acebolado. rs

Vou começar do começo. O Caio, na época, com seus 34 aninhos, morava na casa dos pais e, além dessa, colecionava algumas outras atitudes de menino “teen”. A galera sempre fazia piadas com essa história. Um belo dia, apareceu um pessoal de um dos jornais da região batendo lá na agência que trabalhávamos. Era pra fazer uma entrevista com o Caio, e o assunto da matéria era sobre filhos com mais de 30 anos que se recusavam a sair da barra da saia da mãe. A gente não viu a entrevista acontecer, mas todo mundo ficou atento aos jornais que chegavam todos os dias na agência.
O Caio sabia quando seria distribuído o exemplar com a entrevista dele, por isso, combinou com a Dona Nilde, que chegava mais cedo, de esconder o jornal do pessoal. Ela, pra não despertar a atenção da galera, escondeu apenas o caderno com a matéria que ele participava, numa gavetinha da cozinha. Detalhe: O Caio e a mãe dele estampavam a capa do caderno que, diga-se de passagem, chamava “Agito”. rs

O dia passou tranqüilo lá na agência. Eu, pra ser sincera, não desconfiei de nada. Mas, se não me engano, no dia seguinte, alguém apareceu com o jornal lá no estúdio, contando toda a armação do Caio e da Dona Nilde.

O jornal passou de mão em mão, só faltou assinar, como fazíamos com as revistas que o chefe nos “obrigava” a ler. No mesmo dia criamos uma comunidade no Orkut em homenagem à estrela da matéria, com direito a foto do rosto dele no corpinho do Peter Pan e o relato do causo com o link da matéria na internet e tudo. E eu corri à banca mais próxima pra comprar meu próprio exemplar (tenho guardado até hoje, inclusive). Confesso que não apenas comprei e fui embora. Pedi o jornal, conferi o caderno “Agito” na hora, pra não levar coisa errada e ainda, como uma boa publicitária que sou, fiz a propaganda ali mesmo: mostrei a capa pra todo mundo que tava na banca e perguntei se conheciam. Li o título da matéria e contei que era um amigo meu. rs

Pois é. E não contente com uma capa gigante que já era mais que suficiente para jamais ser esquecido e sempre zoado, ainda tinha um título e um depoimento que ficaram pra história e arruinaram seu sossego:

O título dizia: “O publicitário Caio Junqueira, 34, permanece com os pais até hoje.”
Já o texto era mais comprometedor: “É um privilégio morar com eles e ter a facilidade de ter tudo pronto. Até acho que às vezes falta privacidade, mas os benefícios são muito maiores.”
Sua mãe, Maria Rita, o mima demais - sempre que faz bifes nas refeições tempera com cebolas grandes. "Assim eu consigo separá-las, porque não gosto. No feijão, ela amasseta bem e fica imperceptível."

Fala sério? Nem preciso escrever mais nada.

Só pra esclarecer, hoje ele mora sozinho. E a rebeldia foi tanta, que ele mora sozinho em outro Estado, bem longe da barra da saia da mãe.

Fim!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Minha mãe falou pra eu comprar uma bolsa térmica, mas eu prefiro jogar na Mega Sena.


É igual a minha. A única diferença é que eu não levo cerveja pro almoço.

Quando comecei a trabalhar fora, tive que aderir à marmita. Não à marmita que você compra do restaurante, feita na hora, quentinha e gostosa, mas a marmita que você leva de casa. Com comida preparada no dia anterior, o famoso e sofisticado “restô dóntê”. Conhece, né?
No início, eu não me incomodava não. Até gostava quando sabia que ia almoçar meu prato preferido. Meus amigos reclamavam. Pra vocês terem uma idéia, eu perguntava o que eles haviam levado e ninguém sabia responder. Não tinham o interesse de perguntar o que a mãe deles tinha colocado no tupperware. Às vezes abriam a marmita, olhavam e deixavam de lado. Iam comer outra coisa qualquer ou passavam o resto do dia sem almoço, mas se recusavam a provar a marmita. Eu achava um verdadeiro desperdício, ainda mais com tanta gente por aí passando fome.
Hoje, já começo a compreender melhor isso. Cansei de comer comida requentada. O gosto muda, fica sem graça. O cheiro não é o mesmo.
Mas o pior, é quando você leva marmita e não tem geladeira pra guardar. Na hora do almoço, a comida tá terrível, parece que desandou. No verão, quando tem feijão ou molho, esquece. Não dá pra comer. E quando você come, depois fica mal, pesada... É horrível.
Mas, pior que tudo isso, é quando você leva a marmita pra requentar, não tem geladeira e a comida foi feita por você. Aí você senta e chora no ralo.
Comida feitinha na hora, com ingredientes fresquinhos, é demais! Feita pela mamãe então, é sem comentários! Que saudade!
Levando tudo isso em consideração, um dia estava conversando com a minha mãe ao telefone e comentei essa história com ela. Ela achou que eu podia resolver tudo, comprando uma bolsinha térmica. Tá! Resolve um pouco o problema da falta de geladeira, mas e todo o resto? Não, não dá. Descordei. Ao invés de gastar meu dinheiro numa bolsinha térmica, resolvi que o negócio é jogar na Mega Sena. Além de sobrar grana pra comprar comida pronta, levar marmita pra quê? E pra onde? Resolve tudo! rs Mas, como ela não levou muito a sério o que eu disse, esses dias ela me deu uma bolsinha térmica de presente. rs

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Depois de "O Terminal" e do Agradecimento pelo Dia de Divas.

Eu, Shar e Bóris
....
A Shar e o Bóris resolveram jogar tudo pro alto e ir embora pra Itália. Essa história se iniciou no Skype. Eles começaram a falar uma coisa aqui, combinar outra ali, até que tudo foi realmente se concretizando.
Antes da viagem, o Bóris pegou o carro dele e veio dirigindo de Curitiba até aqui. Horas de viagem. Enquanto isso, a Sharon ainda estava desesperada pra poder conseguir mais dinheiro pra viagem e também pra dar um jeito nos móveis da casa dela. Decidiu que os móveis que tinham valor sentimental seriam enviados para a sua família, enquanto o restante seria vendido, doado e, ainda assim, ia sobrar muita coisa. Ela já queria fazer uma feirinha na garagem e chamar os vizinhos, como nos filmes da Sessão da Tarde, quando o Bóris chegou. Ele passou alguns dias ali e fui visitá-los. Lembro que a Shar fez uma torta deliciosa. Hummm!
Sei que os dias passaram, o Bóris ajudou na casa, desentupiu a calha (no bom sentido, é claro) e depois foi embora, levando com ele metade dos problemas da Shar. Levou mesmo, literalmente. O Bóris que chegou com seu carro vazio, só com uma malinha, voltou abarrotado de coisas, parecia uma loja ambulante. Até uma TV quebrada foi embora com ele, na esperança de poder arrumá-la. Entre bugigangas, móveis, eletrodomésticos e a famosa coleção de revistas, que talvez, tivesse sido muito mais negócio vendê-la pra um colecionador, estava o motorista do carro, quase sendo empurrado pra fora. Eu só queria saber onde ele enfiou tudo aquilo quando chegou.
Sei que a parte mais cômica dessa história é que o carro dele teve um probleminha no meio do caminho. E as ferramentas, por incrível que pareça, estavam embaixo de tudo. Ele nos contou que parou o carro no acostamento e foi tirando tudo de dentro do carro pra achar as tais ferramentas. Quem passava de carro naquela hora, no mínimo pensava que ele era um muambeiro.
No fim das contas, a Shar conseguiu fazer tudo o que precisava a tempo e o Bóris, também. Os dois embarcaram e acho que pra encontrá-los novamente, vai demorar um pouquinho.

sábado, 6 de junho de 2009

Agradecimento pela recepção durante nossos dias de Divas!


Tínhamos ido fazer um passeio em Curitiba e ficamos hospedadas na casa da Giselly. Quando retornamos em solo paulista, resolvemos agradecer a hospitalidade da dona da casa e do Bóris que teve a idéia de ficarmos lá.
Pra nossa alegria, meu primo, que também mora em Curitiba e que havia feito parte da história da viagem (que aliás, já foi contada aqui), também tinha vindo pra São Paulo, dias antes que a gente. Era fim de ano e seu plano era passar a virada com a família. A parte interessante foi que nós tivemos a chance de desfrutar mais um pouco de sua companhia e “usá-lo” como Sedex, e de graça, pra entregar um presentinho à Giselly e ao Bóris.
Tínhamos que escolher um presente que agradasse os dois. Difícil hein? A Giselly era professora de universidade, gostava de moto e cachorro. O Bóris era engenheiro, já tinha dirigido um pedalinho em plena avenida e tinha um ótimo senso de humor. Até aí, nada nos ajudava para presenteá-los. Então fomos pensando em diferentes opções e descartando o que não servia. Até que a Shar teve uma grande idéia: vinho. Realmente, era perfeito! Opção decidida, marcamos pra visitar algumas adegas da cidade. Passei pra pegá-la na hora do almoço, não lembro o motivo de ser nesse horário, talvez estivéssemos de “férias”, ou eram aquelas emendas de fim de ano. Do contrário, estaríamos trabalhando, com certeza. O detalhe é que o combinado era na hora do almoço, porém estávamos de estômago vazio, nenhuma das duas tinha almoçado. Fomos a um bairro que sabíamos que era famoso por sua comercialização de vinhos. Sabíamos de dois ou três lugares, mas chegando lá, começaram a brotar opções. Entramos em um, noutro. E todo mundo sabe que comprar vinho em adega não é como comprar no supermercado; você prova pra escolher o mais interessante. Imagina só, as duas sem noção, provando vinho de estômago vazio, num sol de rachar do meio dia. Não sei se começamos a ver coisas, mas numa das adegas que entramos, a pessoa que nos atendeu e deu todas as dicas quanto sabor e demais curiosidades era um menino de uns doze anos. Achamos aquilo um absurdo: criança trabalhando e, pior, com bebida alcoólica. Perguntamos se não havia um adulto no lugar, aí apareceu alguém. Entendemos que eles moravam todos ali e a criança criada em meio àquela cultura, ajudava eventualmente no atendimento, mas, ainda assim, não ficamos nada satisfeitas com a idéia. Andando pra lá e pra cá, escolhemos um que achamos que agradaria os dois. Esperei um pouco pra pegar novamente no volante, afinal, tinha provado algumas taças e assim que tudo se normalizou, voltamos pra civilização. Cheguei em casa e fiz pátina num porta-vinho de madeira para colocarmos a garrafa. Meu primo que ia entregar o presente quando voltasse à Curitiba, estava em casa e participou da produção: ficou assistindo eu dar os últimos retoques no porta-vinho. Aliás, essa história deve estar marcada na memória dele até hoje como um trauma. Naquele dia, não tinha nada em casa pra eu oferecer, nem cerveja, nem refrigerante, nem nada de interessante. Então comecei a procurar o que havia disponível e inventei uma receita nova: suco de morango batido com leite e paçoca. Acho que foi a bebida mais terrível de nossas vidas. O pior foi que eu o servi primeiro e só depois fui me servir, enquanto isso o coitado foi tomando. Quando eu provei, o negócio tava punk, e eu mesma resolvi tirar o copo das mãos dele e salvá-lo. Depois disso ele confessou que realmente estava horrível e que, por isso, nunca mais ia beber ou comer nada preparado por mim. Brincadeira. Ele não disse isso, mas acho que pensou. rs
No dia seguinte, levei o porta-vinho pronto na casa da Shar. Escrevemos cartas agradecendo e colocamos junto com o vinho. Ela, meu primo e eu, embrulhamos o presente em papel celofane colorido, colocamos numa caixa e embrulhamos. Tudo por um motivo: não confiávamos no meu primo. Víamos ele derrubando a garrafa na primeira oportunidade, estragando todo o presente. Mentira! rs
Quando ele foi embora, fui levá-lo até a rodoviária e, lógico, aproveitei para conferir se ele não ia se esquecer da caixa. Dias depois, ele foi se encontrar com o Bóris e entregar o presente. Soubemos que deu tudo certo. Os dois ficaram contentes com o vinho. E a Shar e eu com o Raphael por ter feito a entrega sem cobrar nada.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mentira Nem Sempre Têm Pernas Curtas.


Na minha família tem contador, dono de padaria, dono de loja de animais, de lanchonete, etc. O primeiro emprego meu e da minha irmã foi no escritório do meu pai. Mas, logo fomos demitidas, pois não tínhamos responsabilidade suficiente pra coisa. A gente se divertiu muito, mas hoje vejo o quanto fomos inúteis. A gota d’água foi quando meu pai nos surpreendeu carimbadas. Pois é! Ele pedia para que carimbássemos os documentos que já haviam sido cuidados com um carimbo que tinha o símbolo da contabilidade. Um dia, nos empolgamos e carimbamos uma a outra. Braços e caras. Meu pai não gostou muito da brincadeira.
Talvez se ele tivesse uma agência de publicidade, teria dado certo.
Meu segundo emprego foi num comércio, nesses da família... Eu precisava pagar a faculdade e meu pai sabia que eu não tinha perfil pro escritório dele.
Todo meu pagamento ia pra conta da faculdade, no final, meu pai me dava uns trocados pra eu não andar com a carteira vazia por aí. Bom... Sei que nesse emprego não tinha muitos funcionários, mas eu lembro bem da Dona Cida que fazia a limpeza. E lembrar da Dona Cida, é lembrar de uma outra história...
Numa certa manhã, estávamos trabalhando e conversando, quando meu primo chegou. Por “incrível coincidência” ele era um dos fornecedores. Tudo em família. Conversa vai, conversa vem, ele perguntou se eu iria na viagem de família que estava pra acontecer (uma viagem que é tradicional, que já contei por aqui). Eu respondi que não, que meu chefe (parente nosso) não ia deixar, afinal eu tinha acabado de começar a trabalhar. Então, perguntei pra ele quem ia, e tive como reposta uma grande lista de pessoas. A Dona Cida, que estava junto, ficou impressionada e perguntou se a casa onde todos iriam ficar era grande, e como fariam pra cozinhar, limpar, etc. Meu primo ao invés de contar a verdade e explicar pra ela que a casa era grande e que um pessoal seria contratado pra ajudar nos serviços domésticos, não. Resolveu inventar uma história:
- Então, Dona Cida, é a minha tia, mãe dela (me apontando), é quem lava, passa, limpa, cozinha e arruma toda a bagunça da família. Sabe qual o motivo? É que ela não é minha tia, apenas pensa que é. Quando era bebezinho, ela foi largada na frente da casa do meu avô. Quando ele viu, resolveu pegar já pensando que quando crescesse, ia fazer os serviços domésticos da família. Então quanto tem festa de aniversário, churrasco, Natal, Ano Novo, Viagem e essas coisas, ela pensa que é convidada, mas na verdade a gente só chama pra ter alguém pra limpar a bagunça no final. É lógico que a gente a deixa comer e beber. É por isso que ela não desconfia de nada. A senhora pode reparar que a minha mãe é bem loira, tem olho mais claro, pele bem clara, e a minha tia não é tão clarinha assim, pois elas não são irmãs coisa nenhuma.
A Dona Cida só prestou atenção e nem abriu a boca.
Eu ria, e o cara de pau foi embora rindo também.
Mais tarde, a Dona Cida se aproximou de mim e disse:
- Nossa! Coitada da sua mãe.

Eu caí na gargalhada e expliquei pra ela que era tudo mentira dele. E que, mesmo que ela tivesse sido deixada na porta do meu avô, a família jamais a trataria assim.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Coisas de Família


Nasci numa cidade chamada Vinhedo, no interior paulista. Não só eu, mas quase todos da família. Minha mãe esteve por lá “só” quatro vezes, e foi nessa última vez que ela voltou comigo no colo, sou a filha caçula. Minhas tias também fizeram o mesmo trajeto: meus primos, que não são poucos, são naturais de Vinhedo. Isso é tradição na minha família, já que ninguém mora na cidade. Tudo isso por conta de um médico de lá. Sabe aquela coisa antiga de médico da família? Quando ainda não existia plano de saúde? Pois é! Minha família mantém a tradição até hoje.

Outra coisa que já entrou pra história da família são as férias de fim de ano. Todo ano, a mulherada se reúne na casa da minha tia pra sugerir lugares, especialmente cidadezinhas do interior. Tempos atrás, elas recorriam às indicações e listas telefônicas. Com o tempo, a coisa foi se modernizando: hoje a função da minha mãe é caçar casas pra alugar na internet. Na verdade não são casas comuns, são fazendas. Há 15 anos todos resolveram trocar a praia pelo campo.
Mas não é simplesmente alugar, tem todo um ritual: são vários encontros na casa da minha tia até tudo se resolver. Com toda a mulherada da família reunida, falando todas ao mesmo tempo, elas conseguem decidir tudo: planejam números de quartos, números de pessoas, cozinheiras e moças que devem contratar pra limpar a casa, etc. Na segunda etapa, com muita coisa já definida, escolhem as casas que se encaixam no perfil. Ligam, negociam, até escolherem uma. Fazem os cálculos pra ver o tamanho do investimento, afinal de contas, a família tem uma poupança e todos depositam uma quantia mensalmente para a tal viagem de fim de ano. Se o dinheiro não der, calculam e dividem a diferença por cabeça. Pro final fica sempre a elaboração do cardápio: café, almoço, jantar e afins. Quanto às compras, algumas vezes fazem na própria cidade e levam, outras vezes compram em algum mercado da tal cidadezinha, fazendo reserva de produtos por e-mail, antigamente era por fax. A diversão é sempre garantida, apesar de acontecerem também, uns “arranca-rabos”, o que é natural. Coisa de família.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Terminal



Era fim de ano, as duas amigas resolveram extrapolar e investiram suas economias numa breve viagem. Foi tomando uma cerveja que a idéia saltou à mesa. Mais tarde, as duas navegaram na internet fazendo simulações da tal viagem num site de “linhas aéreas econômicas”: partindo dos aeroportos mais próximos em diversas datas e chegando ao destino: Curitiba. Valor acessível e possíveis anfitriões conectados à rede mundial de computares insistindo por suas presenças naquele exato momento, a decisão não poderia ter sido diferente: decidiram que seria legal fazer uma viagem juntas, depois de tantos anos de amizade.
Uma tinha um primo na cidade. A outra, amigos. E as duas, convites dos dois lados. No dia seguinte compraram suas passagens e, no outro, acordaram cedo e pegaram uma carona com um casal de amigos até o Aeroporto Internacional de Congonhas em São Paulo. Vestidas com suas melhores roupas e munidas de malas recheadas de bugigangas e máquinas fotográficas, sentaram em suas poltronas e saborearam um suco de manga e uma barrinha de cereal, enquanto curtiam a linda paisagem da janelinha do avião, sentindo que eram as Divas do dia. Sim, afinal de contas, quantas vezes na vida, jovens mocinhas trabalhadoras resolvem que vão viajar de uma hora pra outra e simplesmente vão? Pois é! Para elas, não era todo dia que isso acontecia.
Ao meio dia, em cima de seus saltos altos, as duas Divas desembarcam no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Esperaram por suas malas e tomaram um lanche. Em seguida, uma ligou pro amigo e a outra pro primo. A notícia que tiveram com os telefonemas foi que o papel de Diva daquele dia começava a despencar: o amigo de uma estava em Londrina e o primo da outra não tinha como ir buscá-las, afinal, estava mais a pé do que as duas juntas.
Ok! Sem pânico! O amigo estava indo à Curitiba. Elas só não sabiam que esse filme iria durar nada mais, nada menos que míseras “cinco horinhas” dentro daquele simpático aeroporto.
Começaram olhando lojas, depois quiosques e livrarias. Saíam para a parte descoberta, admiravam o dia de sol e voltavam pra dentro. Andavam, subiam e desciam escadas rolantes. Entravam e saiam do banheiro. Conheceram todas as lojas e todos os quiosques do lugar. Decoraram todos os lançamentos da livraria, desde auto-ajuda até ficção científica. Restaram então os balcões de companhias aéreas, afinal, que mal tinha em comparar preço, mesmo sabendo que as passagens de volta já estavam devidamente reservadas e pagas?
A elegância de suas roupas começou a incomodar: tudo o que elas queriam eram tênis e camisetas. Os sapatos então passaram a ser seus piores inimigos. O carrinho com as malas começou a puxar pra um dos lados, devia estar precisando de óleo nas rodinhas. As duas revezavam a vez de empurrá-lo, já não agüentando mais. Andando pra cima e pra baixo, encontraram a “Lan House” da Infraero e, para a felicidade das amigas e alegria geral da vizinhança infantil do aeroporto, o acesso à internet era de graça. Revezando os computadores de vinte em vinte minutos com a criançada, elas acessaram e-mail, orkut e afins. Sentaram nas poltronas, usaram a mesa, conversaram, cochilaram, e já sentindo que faziam parte do lugar, deixaram a educação meio de lado pra fazer cara feia pras crianças que passavam dos vinte minutos em frente ao computador. Enquanto esperavam a próxima “acessada”, voltavam às poltronas, aos cochilos, às conversas, até que tudo aquilo foi ficando monótono demais e resolveram fazer suas unhas. É! A sala de acesso à internet da Infraero se transformou por alguns minutos em salão de beleza. E não levou muito tempo pras duas se sentirem em casa: já imaginavam uma toalha na mesa, uma decoração diferente e discutiam sobre esse assunto, enquanto faziam barquinhos de papel com folhetos turísticos pra enfeitar a mesinha de centro que estava muito vazia. Já imaginavam passar os dias por lá mesmo e receber os amigos ali. Só precisavam de uma cafeteira pra poder servir algo quando chegassem.
Cansadas do novo lar, deram mais uma volta pela “vizinhança”. Os funcionários do aeroporto já sorriam pra elas como se fossem velhos amigos, enquanto algumas balconistas olhavam desconfiadas tentando entender o que aquelas duas paulistas faziam ali desde a hora do almoço.
Batendo perna aqui e ali, viram adolescentes modeletes altas, magras, loiras de olhos azuis, além de atores globais, turistas, pessoas com roupas duvidosas e então começaram a enlouquecer. Saíram para tomar um ar, sentindo que já havia passado muito tempo, tanto tempo que uma delas, no auge de sua juventude, com seus apenas vinte e sete anos, soltou uma frase inesperada e imprópria: “quando eu era jovem”. Foi aí que a outra amiga percebeu que aquela aventura já estava indo além de suas expectativas. Não tinham muita alternativa e então voltaram à livraria. Viram preços de pilhas e perguntaram quanto custava um banho e uma cama, mas resolveram continuar andando. Devem ter andado quilômetros naquele dia. Quando já estavam apegadas demais ao lugar, levando em consideração as cinco longas horas de histórias e experiências que haviam vivido por lá, o amigo, que elas já nem se lembravam mais, ligou dizendo que estava esperando as duas do lado de fora.
Hoje, “O Terminal” é o filme preferido delas.
Pois é! O dia de Divas foi acabando junto com a paciência que elas tinham. Não só a paciência, mas o dinheiro também. Na volta, pegaram metrô, ônibus, carona e só restaram vinte reais pra cada, que gastaram com a revelação das fotos (é, elas não tinham máquina digital) e com um lanche.
Mas o passeio e a hospitalidade foram incríveis. Uma semana depois, as meninas foram a uma adega comprar um vinho para agradecer aos anfitriões. Num meio de semana qualquer, no horário de almoço, elas provaram todos os vinhos possíveis e imagináveis com o objetivo de escolherem o melhor... Mas essa história é longa e vai ficar pra próxima postagem.


Ah! Obrigada à Giselly, Bóris, Billy (o cão) e Raphael, por terem contribuído para tornar essa história real.